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Homepage > Categorias > Arte > Devaneios de Westworld – 3.7
27/04/2020  |  By Ruy Flávio de Oliveira In Arte, Ciência, Cultura, Televisão

Devaneios de Westworld – 3.7

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Apesar do spoiler, amanhã há de ser outro spoiler.
E eu pergunto a você como vai se esconder do enorme spoiler?
Como vai proibir quando o galo insistir em dar spoiler?
Spoiler novo brotando e a gente dando spoiler, sem parar.

Vamos combinar: o cuidado estético de Lisa Joy e Jonathan Nolan com cada detalhe da série Westworld é algo de se admirar. Desde um arco de enredo inteligentíssimo, passando pelos cenários escolhidos a dedo, até o entrelaçamento do nome dos episódios com o desenrolar da história: tudo tem sido primoroso. Para alguém obcecado como eu por analisar até “os cantinhos”, é um prato cheio. E lá se vai mais uma segunda feira…

O sétimo e penúltimo episódio da terceira temporada se chama Passed Pawn, ou, em português, Peão Passado. Para quem joga xadrez e expressão é bem conhecida: no jogo, os peões só se movem uma casa para frente (a não ser pela possibilidade de um primeiro movimento duplo) e atacam uma casa na diagonal. Sua baixa capacidade de movimentação e de ataque, junto com o fato de que há muitos, lhes empresa o status no jogo de “bucha de canhão”, peças de pouco valor. Quando dizemos que em uma situação qualquer “Fulano é só um peão”, não estamos nos referindo aos peões de rodeio, mas sim às peças menos valiosas e mais descartáveis no jogo de xadrez. Os peões têm sempre seu caminho barrado por um peão do lado contrário. Como não podem “pular” peças ou se mover várias casas de uma vez, seu estado natural é de encontrar obstáculo e ser obstáculo/ Fazer o quê? É a vida.

Ou quase.

Em alguns raros momentos em uma partida de xadrez, um peão pode se ver sem obstáculos, seja porque o peão à sua frente foi tomado ou porque ele próprio tomou o peão em uma de suas diagonais. Nesse caso, esse peão adquire o status de Peão Passado. Isso não é garantia de nada, mas abre a possibilidade para que esse peão chegue ao fim do tabuleiro, e se consegue essa proeza o jogador pode trocá-lo pela peça que quiser (geralmente uma rainha). Isso dá ao Peão Passado um valor potencial enorme. Não é fácil obter um Peão Passado, uma vez que todo jogador mediano já sabe o perigo que isso representa. Mas às vezes um sacrifício deve ser feito, uma jogada mais importante em outra parte do tabuleiro para salvar uma pedra mais valiosa ou para obter uma vantagem estratégica. Nesse momento o oponente pode passar um de seus peões, o que tem o potencial de virar o jogo lá na frente.

Tivemos várias pequenas situações, sutis, passíveis de outras interpretações, de peões passados nesse episódio, e a primeira delas removeu Musashi do tabuleiro. Ainda em Jacarta, passando uma valise para um de seus asseclas — e sabe-se lá que que peão “passante” será ele no futuro, dependendo do conteúdo dessa valise. Musashi eos capangas lutam, mas ele é finalmente sobrepujado  por Clementine e recebe seu golpe de misericórdia de Hanaryo. Pronto, mistério resolvido sobre quem seriam os anfitriões a serviço de Maeve.

Contudo, o Peão Passado aqui foi outro: Charlotte/Dolores.

Vimos apenas seu rosto, com o restante do corpo coberto por sombras, mas a face angelical de Tessa Thompson não deixa dúvidas: ela se livrou de alguma forma da pele carbonizada e deu as instruções para que Clementine e Hanaryo pudessem armar a emboscada. Charlotte/Dolores é um Peão Passado a serviço de Serac, sem dúvida, o que dá mais credibilidade à teoria de que quem explodiu o carro com a família Hale foi Dolores, e não Serac.

Aqui vale uma especulação: Charlotte, Connels e Musashi são, efetivamente, Dolores. Por mais que tenham assumido vidas diferentes, histórias diferentes, eles ainda são, em essência, nossa anfitriã preferida. Connels, como já vimos, não se esquivou de se deixar destruir pelo plano. Sabia que o que importava era o todo, e não sua pequena parte, e estava disposto a se sacrificar por esse todo. A própria Dolores, nesse episódio, demonstrou com clareza de que estava disposta a se sacrificar, enfrentando a katana de Maeve com a coragem que só tem quem sabe que há coisas mais importantes que a própria vida. Isso me leva a questionar se a “traição” de Charlotte/Dolores e a “morte” de Musashi também não fazem parte do plano maior de Dolores. Sim, claro, pode ser só um devaneio de minha parte, e Charlotte/Dolores de fato se apaixonou pela narrativa de mãe de Nathan e ex-quem-sabe-futura esposa de Jacob, buscando agora uma vingança fria contra Dolores. Sim, pode ser bem esse o caso, mas penso que há uma boa possibilidade de Dolores estar preparando um Peão Passado de sua própria autoria para o futuro, com Charlotte/Dolores sendo um “agente duplo”, e Musashi sendo um sacrifício para dar mais credibilidade ao estratagema. A ver.

Um último detalhe sobre a emboscada em Jacarta: a cena é precedida pela Interface de Rehoboam apontando para uma divergência no local. É muito importante observar que nessa “tela” de Rehoboam o caos ainda rola solto, muito diferente do que vimos no relógio de Serac no episódio passado. Não creio nem por um segundo que isso seja um erro de continuidade. Há uma razão para que o caos seja apresentado aqui, quando no pulso de Serac a questão já foi supostamente resolvida.

A imagem que precede a cena em Jacarta, no sétimo episódio:

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O pulso de Serac, com o caos se reduzindo:

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É claro que podemos estar falando de dois momentos diferentes no tempo, mas os produtores Joy e Nolan já disseram que essa temporada seria mais temporalmente linear. Eu particularmente creio que se trata de outra questão: uma dessas imagens é real, ocorrendo no mundo real, e outra é uma simulação. Pela presença de Serac sem que ninguém esteja usando óculos de realidade aumentada, quero crer que a cena do pulso de Serac não é real. A ver.

Do outro lado do planeta, próximo a Sonora, no México, vemos Dolores e Caleb cruzando campos e colinas a cavalo. Dolores revela que costumava viver em um lugar como aquele, e Caleb confirma que já sabe que ela é uma anfitriã, questionando se ela participou do massacre em Westworld. Dolores não perde tempo com negações ou estratagemas: ela está segura de seu plano e do compromisso de Caleb, ainda que ele questione a quantidade de mortos na revolução que se aproxima. Dolores aqui apresenta duas imagens de Peões Passados, um que já aconteceu e outro que ela espera que aconteça.

Ela afirma que durante os primeiros 35 anos de sua vida ela foi “café pequeno”, mas que quando a oportunidade surgiu, ela teve que agir — em nome da sobrevivência dos anfitriões. De filha de fazendeiro a líder; de peão a rainha. Ela afirma que graças a Serac a maioria de sua espécie foi extinta (e aqui ela mente ou pelo menos omite a realidade de Caleb, pois Charlotte/Dolores fez uma cópia das mentes dos anfitriões e enviou para fora da Delos). Da mesma forma, diz ela, os seres humanos vão precisar de um líder, e apenas sorri quando — ao perceber que ela falava dele, Caleb — ele se esquiva.

Caleb é o Peão Passado central do episódio, como ficará claro ao final da ação.

Caleb, aliás, desde a morte de Liam na praia vem tendo pequenos pedaços desconexos de memória bombardeando sua mente. Uma médica chamada Dra. Greene questionando-o sobre como ele chegou até ali, sobre suas missões, sobre a morte de Francis. É visível que essas memórias são como uma pequena goteira que vai aumentando ao longo do episódio. Nesse momento, o vazamento é pequeno e pouco afeta o rapaz. Cenas dele como soldado, cenas de combate, uma cena dele e Francis com um prisioneiro.

Um desses fragmentos coalesce em uma memória mais duradoura, em que ele narra os acontecimentos durante um conflito na Criméia, uma guerra civil na Rússia. Caleb e seu pelotão são encarregados de identificar insurgentes e avisar a base, que por sua vez lança mísseis a partir de um satélite geoestacionário. Em alguns segundos os alvos identificados são destruídos. Essa missão prossegue até que um dia o pelotão é alvo da mesma estratégia, e quase todos são destruídos, restando apenas Caleb e Francis.

Caleb continua com a descrição, contando que ele e Francis capturaram o líder do movimento de insurgência. Vemos, nesse momento, Caleb preso à cadeira, com os óculos de realidade aumentada e a Dra. Greene pedindo para que ele recomeçasse.

Dolores e Caleb chegam até um complexo no meio do deserto. Dolores abre o pacote que Caleb recebeu no hangar e vemos que se trata de uma potente arma de longo alcance. A arma lança um drone que mapeia todos os guardas do complexo, o que facilita muito a vida de Dolores, que só precisa puxar o gatilho algumas vezes para matá-los.

No complexo o vazamento de memórias na mente de Caleb continua, agora impulsionado pelo fato de que ele reconhece o local. Dolores confirma que a situação vai piorar e revela que o que eles buscam, de fato é Solomon. Ela conta que Solomon é o computador anterior a Rehoboam, que rodou tantas simulações, tantos cenários, que desenvolveu um pouco da esquizofrenia de Jean Mi, o irmão de Serac. Caleb nota o enorme aparelho de pulso eletromagnético, algo que naquele tamanho só os militares têm acesso. Virá a calhar, mas não ainda.

 Quando Caleb e Dolores começam a Conversar com Solomon, ele identifica o momento como sendo uma das variações já simuladas em seus bancos de dados. O interessante é que ele diz “se vocês estão realmente aqui” para essa possibilidade, mostrando que o computador não está tão certo de que esta seja a realidade. Ou ele de fato desenvolveu algum tipo de anomalia, ou então a dúvida tem sentido, e não podemos afirmar que o que se passa é real. Sim, essa história do que é real/irreal é paranoia minha, liga não.

Solomon pergunta o que os dois querem e Dolores informa que ele ajudou a criar um plano para estabilizar a Humanidade, uma nova ordem mundial. Ela quer destruir esse plano, terminar essa nova ordem. Quando questionada por Solomon por que ele deveria auxiliá-la a alterar o plano, ela responde que é porque ele sabe da verdade: o plano não funciona. Jean Mi reconheceu esse fato e por isso Serac tentou silenciar os dois: Solomon e o irmão.

Aqui Solomon confirma o que já sabemos: que Caleb é um ponto fora da curva — um dos pontos que podem destruir o plano de estabilização, mas que foi submetido a um tratamento que corrigiu suas anomalias. Ele fala sobre o implante de memórias, claro. Caleb já esteve nesse complexo, e por mais que agora queira sair daí, Dolores diz que eles têm que ficar. Ainda há o que descobrir, ainda há o que ser recuperado para Caleb.

Solomon conta que a terapia de recondicionamento de Caleb funcionou e que ele pôde sair, ir embora. Contudo, o computador continua, apenas um em dez tratamentos são bem-sucedidos. Dolores pede para que seja mostrado a Caleb o que acontece com os 90% que não são bem-sucedidos. Luzes se acendem ao longe, chamando os dois.

No caminho vemos, nas memórias fragmentadas de Caleb mostrando que um grupo encapuzado tenta resgatar o tal “líder insurgente”. Um dos soldados atira em Francis, e Caleb mata todos, inclusive o líder. Francis morre com Caleb tentando confortá-lo.

Caleb e Dolores chegam a um enorme galpão, sendo recebidos por uma imagem gravada de Serac. Aqui é importante observar que Serac está completamente grisalho, bem diferente de sua imagem nos encontros da Delos, de Jacarta ou do complexo onde se encontrou com Maeve. Esta gravação foi criada para dar as boas-vindas a Jean Mi, quando em algum momento em um futuro distante ele viesse a acordar, e foi gravada no passado, muito tempo atrás. Como isso é possível? Faço uma conjectura mais à frente, segura as pontas.

As luzes que se acendem mostram um vasto complexo com centenas de casulos onde vemos corpos em animação suspensa. Aqui há um paralelo com o enorme salão no subsolo da Mesa, em Westworld. Lá, centenas de anfitriões desativados são armazenados nus, em pé, como manequins descartados. Aqui os pontos fora da curva que não puderam ser “curados” são presos em caixões tecnológicos, esperando sabe-se lá o quê. Impossível também não lembrar de oura imagem: Han Solo paralisado em sua prisão de carbonita.

Solomon diz que gerou inúmeras projeções de futuro, mas os dados não as confirmavam, o que levou Serac a mudar os dados: remover os pontos fora da curva da equação. Para tanto, usou outros pontos fora da curva, e Caleb e seu comparsa (Francis) foram dois dos mais bem-sucedidos. Depois da explosão de seu pelotão, Caleb e Francis tiveram baixa com honras, e foram recrutados para caçar outros pontos fora da curva. Como? Por meio do aplicativo RICO, que descobrimos também está sob controle de Serac e de Rehoboam. Faz todo sentido do mundo: em uma realidade onde se quer controlar o crime, nada mais óbvio do que regulamentar a criminalidade sem que os criminosos descubram que estão sendo regulamentados. Só eu, bobinho, que não tinha me tocado disso.

A verdade sobre a morte de Francis é finalmente revelada: ele e Caleb raptam um ponto fora da curva. Trata-se de Whitman, que trabalhava para a indústria farmacêutica que cria as drogas límbicas. Aqui descobrimos essa verdade sobre o personagem vivido por Enrico Colantoni, que apareceu brevemente no episódio cinco dessa temporada. Whitman informa Caleb de que é, de fato, um ponto fora da curva, e que está sendo caçado por ter feito perguntas demais. Ele revela a Caleb que o aplicativo RICO vai oferecer muito dinheiro a Francis para matar ambos, agora que Whitman lhe revelou a verdade, e provavelmente vai fazer a ele, Caleb, oferta equivalente. Dito e feito: quando já estão fora do prédio o computador de pulso de Caleb apresenta um valor pela vida de Francis. Claro que Rehoboam estava ouvindo o diálogo entre Caleb e Whitman. Se hoje em dia já é difícil não estarmos ao alcance de algum microfone (pense na quantidade de smartphones nesse mundão de meu deus), que dirá no futuro.

Caleb arranca uma confissão de Francis, e o mata antes que seja ele mesmo morto pelo amigo. Ele também se recusa a ser subornado por Whitman, atirando nele a queima-roupa. O evento todo dá significado às últimas palavras de Liam: foi, de fato, Caleb quem matou o amigo. isso foi, de fato, o que determinou a necessidade de Caleb ser reeducado, tendo memórias falsas inseridas em sua mente.

Enquanto essa história é contada a Caleb, Dolores o deixa sendo esclarecido por Solomon. Antes de ir, ela pede a Solomon que passe a última estratégia desenvolvida junto com Jean Mi, adaptando-a para o cenário atual. Para tanto, Solomon diz que vai precisar de tempo. Então vemos Dolores, a rainha ganhando tempo para seu peão. Isso porque a rainha oponente acaba de chegar ao complexo: Maeve, cheia de amor (e golpes de katana) para dar. 

A luta de ambas, em que pese a ação mais do que bem planejada e executada, lembra demais um jogo de xadrez. Maeve tem um “cavalo” à sua disposição, um enorme drone militar armado até os dentes. Sobrevoando a ação ele se move como um cavalo de xadrez, atacando por cima dos obstáculos. Dolores, por sua vez, tem o apoio de um “bispo”, sua arma poderosa, disparando em diagonais, e limitando a distância os movimentos de Maeve.

Ambas trocam palavras no fraseado contundente típico dos roteiros de Westworld, mas isso não importa. A coreografia das duas rainhas, seus golpes e contragolpes, suas peças auxiliares colaborando para com a ação são um balé à altura das melhores partidas de grão-mestres do xadrez. E, se me permitem uma gotinha de cobiça, com curvas bem mais atraentes.

Aqui temos mais um paralelo interessante: Serac chamou o falsificador no porão da casa de Arnold de “traidor da espécie”, antes de matá-lo. O que Maeve está fazendo — logo ela, que estava presente para ouvir as palavras de Serac — é rigorosamente o mesmo contra seu próprio povo. Movida por uma memória implantada de uma filha que nunca teve e pelo ódio em função da morte de Hector, a luta de Maeve tem bem menos mérito do que a de Dolores.

Isso fica ainda mais patente à luz das centenas e centenas de sarcófagos de pontos fora da curva, embalsamados em vida por Serac para que ele pudesse criar seu mundo “perfeito”. Não há dúvida do papel de alguém que cria o horror disfarçado de utopia que é o mundo governado por Serac e Rehoboam, e Maeve está lutando no time deles. É comum eu encontrar discussões sobre se Dolores é “mocinha” ou “bandida”, e o mesmo para Maeve. Diante de fatos tão gritantes, essas discussões são hilárias. Insanas, absolutamente sem sentido e de resposta óbvia, claro, mas hilárias.

O “cavalo” de Maeve consegue neutralizar Dolores, arrancando-lhe o braço, mas aí já é tarde. Enquanto a rainha combalida se arrasta pelo galpão, o peão Caleb já passou pelas defesas de Serac. Antes do golpe final de Maeve, Dolores aciona o enorme dispositivo de pulso eletromagnético, efetivamente desligando tudo o que há de eletrônico em um raio de quilômetros. Solomon é desligado, assim como todas as luzes do complexo. Dolores e Maeve não são exceção.

Aqui vale uma pequena explicação sobre pulsos eletromagnéticos para vermos onde vamos parar no episódio final dessa temporada. Um pulso eletromagnético induz uma enorme corrente em um circuito eletrônico qualquer, que mesmo que esteja desligado pode sofrer seus efeitos. Em muitos casos a corrente induzida é suficiente para “fritar” componentes e circuitos, danificando-os permanentemente. Creio que este era o objetivo da máquina quanto a Solomon: impedir que esta gigantesca — e esquizofrênica — inteligência artificial deixasse o complexo. Penso que o “pai” de Rehoboam sai permanentemente de cena. Já quanto a Dolores e Maeve — até para a continuidade da série — certamente terão alguma proteção contra danos permanentes, estou certo.

O fato é que temos Caleb como Peão Passado a partir de agora. Maeve acusou Dolores de ter corrompido um jovem — William — trazendo à tona o lado mais selvagem e violento de sua natureza. O que ela fez aqui, apesar da acusação de Maeve, foi bem diferente: ela libertou Caleb por completo, e lhe deu uma poderosa arma: a variação 47.136.X, uma estratégia para a revolução, para o fim de Serac e Rehoboam.

Um detalhe que não pode passar despercebido é que Caleb foi direcionado para as forças armadas porque já era ponto fora da curva, isto é, porque muito tempo antes de matar Francis ou de encontrar Dolores já abrigava em si algo que poderia destruir o sistema. Ele foi enviado para a guerra justamente por conta disso. Ele foi recrutado para caçar outros pontos fora da curva também por conta disso. Não sabemos o que o torna originalmente um ponto fora da curva, mas penso que pode ser algo bastante importante nas próximas temporadas.

Enquanto tudo isso ocorre, lá no centro de reeducação temos Bernard e Stubbs junto com o Homem de Branco.

Aqui Bernard deixa explícito que o marcador genético injetado por Charlotte/Dolores tinha o objetivo de permitir que Dolores infiltrasse o sistema para descobrir a localização de Solomon. Descobrimos, também, que o Homem de Branco foi declarado morto. O Homem de Branco também revela que foi ele quem vendeu os primeiros dados para Serac, que permitiram que ele e o irmão começassem seu projeto de aprisionar a Humanidade em suas narrativas. Antes de saírem do local, algo de curioso: Stubbs encontra os dados de Caleb e os entrega no tablet de Bernard. Rápido demais, conveniente demais. Aqui vejo duas possibilidades: uma é que seja apenas uma forma de apressar as coisas, pois afinal de contas falta apenas mais um episódio para o fim da temporada. Isso seria uma demonstração clara de falta de cuidado para com o roteiro. Outra possibilidade — minha aposta — é que Stubbs tenha tido apoio para chegar a Caleb, o que reforça a teoria de que ele trabalha para Serac. Pode ser apenas o desejo de estar certo, mas penso que é mais do que isso.

Nessa breve jornada dos três, o Homem de branco, o “mocinho” revela seu grande plano: quer livrar o mundo dos anfitriões. Ele até sugere que Bernard e Stubbs o matem, o que eles se recusam a fazer. E, claro que na primeira oportunidade ele consegue uma arma, terminando a cena apontando-a para a dupla.

Teoria descartável da semana

A imagem de Serac virtualmente dando as boas-vindas a seu irmão (que não está lá) me deu uma ideia. Serac está velho, grisalho, como acho que ele já foi um dia. A teoria de que ele não existe no mundo real não cola com o assassinato que cometeu na casa de Arnold. Não, Serac é real, penso. Mas será que ele é humano? Uma teoria interessante é a de que Serac é uma construção cibernética, uma manifestação recriada por Rehoboam na linha das tentativas de recriação de James Delos, mas que deu certo.

Em essência, Serac é um anfitrião.

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