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Homepage > Categorias > Crônica > A beleza da dúvida
29/04/2020  |  By Roque Maitino Neto In Crônica

A beleza da dúvida

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“Quem tem a informação, tem o poder”. Embora o provérbio ainda seja a expressão da verdade, uma boa dose de relativização e a devida atualização precisam ser aplicadas para que ele continue a valer em nossos dias.  Sob o império do vírus, quem é capaz de conseguir conforto na dúvida padece menos com a própria ignorância e fica mais à vontade com suas incertezas.  Afinal, o noticiário não nos tornou epidemiologistas da noite para o dia e mesmo eles não estão totalmente certos do que se passa.

Na dúvida, confie seu emprego e a continuidade do seu empreendimento àquilo que os especialistas vêm repetindo e os políticos determinando.  Feche sua loja, suspenda o contrato de trabalho dos seus funcionários e, quando a pandemia afrouxar, todos poderão retomar a normalidade de suas vidas.  Tudo pareceria perfeitamente sensato e factível se não fosse por um detalhe: o pico da contaminação parece ser um alvo que se move rapidamente e os tiros disparados em direção a ele têm passado longe.  Carente de base científica, o fenômeno do decaimento da curva tem mais a ver com a utopia de Platão do que com a convicção de Joana D’Arc e o ambiente de quase absoluta incerteza torna inviável qualquer planejamento.

Bem, se os especialistas parecem não ser tão bons assim de pontaria, que voltemos nossa atenção para o que a OMS tem a nos dizer:  lave suas mãos frequentemente, mantenha distanciamento social, evite tocar nariz, olhos e boca e siga apenas os conselhos dos profissionais da saúde.  Se essas recomendações são, de fato, incontroversas, algumas outras dadas pela mesma OMS no início da disseminação da doença soariam hoje como uma irresponsabilidade.  Através do órgão de divulgação da organização soubemos que a transmissão do vírus de humano para humano era limitada, que viagens entre países não precisavam ser canceladas e que o uso de máscaras por pessoas saudáveis era desnecessário.

Por falar em irresponsabilidade, ninguém a tem levado mais a sério do que aquele que deveria ser o modelo de equilíbrio e prudência em tempos de crise.  Seu comportamento errático, sua mania de achar inimigos em todo canto e sua quase absoluta falta de preparo para quase tudo colocam em risco o sucesso do combate ao cononavírus.  Melhor seria se tivéssemos um presidente equilibrado, mais preocupado com a vida das pessoas e menos com a situação financeira delas.  Melhor ainda se ele trocasse suas convicções pessoais pelas evidências que a ciência não cansa de oferecer e se curvasse aos fatos, e não ao “achismo”.  Mesmo aqui há algo mais a ser considerado: quantos infectados perderam a vida até agora por consequência direta dos maus modos do presidente?

Entre tantas dúvidas, uma voz se elevou para nos trazer o que parece ser a verdade perfeita e acabada.  Dia desses, como que tirando das nossas costas o fardo imposto pelas medidas de prevenção, um político disse que todos, um dia, serviríamos de morada para o vírus e que, portanto, a contaminação era apenas uma questão de tempo.  Talvez a coisa toda funcione assim mesmo, como em uma loteria, em que o acerto tenha a ver com “quando” e não com “quais”.  Afinal, os números estão todos lá no bilhete e você sabe que todos eles serão sorteados.  Resta apenas saber quando.

É melhor colocarmos nossa barba de molho na cloroquina.

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