Spoilers a dar com pau à frente. Considere-se avisada(o).
O sexto episódio da segunda temporada de Westworld leva o nome de “Phase Space”, ou em português: Espaço Fásico. Trata-se de um conceito da física, criado no fim do século XIX por três físicos famosos (para quem é da área): Ludwig Boltzmann, Henri Poincaré e Willard Gibbs. O Espaço Fásico é a porção do espaço n-dimensional em que todos os estados de um sistema são possíveis. Imagine um pêndulo cuja esfera final é elevada a um ângulo qualquer e então é solto. O Espaço Fásico desse sistema engloba todas as posições que o pêndulo pode ocupar — todas as variações desse sistema. A esfera é sempre a mesma, o fio que a prende ao ponto fixo é o mesmo e sempre do mesmo tamanho, o ponto fixo é sempre o mesmo. Mas há inúmeras posições, ângulos e velocidades que esse conjunto pode ocupar, e cada um desses estados se encontra dentro do Espaço Fásico do sistema. E o que isso tem a ver com o episódio? Puxa, essa é uma excelente pergunta. Se pensarmos Westworld como um sistema — anfitriões, enredos, administração, segurança, convidados — temos que esse conjunto pode ocupar inúmeros estados, e vamos ver vários deles ao longo desse episódio.
Episódio esse que se abre com uma quase cópia da cena inicial do primeiro episódio dessa segunda temporada. Bernard (e não Arnold) questionando Dolores sobre o que fazer se ela “crescer” para além do parque. A anfitriã reage da mesma forma, mas o diálogo muda de maneira inesperada quando Bernard muda um pequeno detalhe: ele questiona se pode fazer algo se Dolores ultrapassar seus limites. Dolores o interrompe e congela suas funções motoras. Aqui temos o primeiro exemplo claro de Espaço Fásico do episódio: a inversão de papéis entre mestre e servo. Na cena original tínhamos Arnold avaliando a condição de Dolores, enquanto agora temos Dolores avaliando a condição de Bernard, o duplo do sócio do Dr. Ford. E mais: quando questionada por Bernard sobre o que ela está testando, ela responde com uma palavra: “Fidelidade” (no sentido de precisão, como no caso da fidelidade de um sistema de som). A cena ecoa outra em que a mesma resposta é dada: os repetidos testes conduzidos por William no James Delos ressurreto do terceiro episódio. Mais um estado no mesmo Espaço Fásico de Westworld. Mais uma variação do sistema.
Há muitas questões sobre esta cena, e nenhuma delas é respondida: Quando isto está ocorrendo? No passado? Quando no passado? No futuro? Quando no futuro? Qual o objetivo de Dolores em conduzir esses testes? Por que ela precisa de fidelidade nas respostas de Bernard? Esses testes têm algo a ver com o comportamento de Bernard na margem do alagamento em que ele diz que matou todos os anfitriões? Esses testes ocorrem no mundo aqui fora ou no espaço virtual do Berço? Puxa, tantas perguntas e nenhuma resposta. Por enquanto.
Em Sweetwater vemos Teddy caminhando pela rua, por entre os corpos ao som das moscas. Lá se vão três dias desde a revolta dos anfitriões: imagine o aroma que paira no ar… Aqui se desenrola uma cena simples, mas brutalmente significativa. Teddy se aproxima da lata de leite condensado que geralmente é derrubada por Dolores e se agacha. Porém, ao invés de pegar o objeto, nessa variação do Espaço Fásico ele leva a mão para algum lugar atrás da lata, e percebemos que o que chama sua atenção é uma bala de revólver, que ele examina mais de perto e põe no bolso, sem dar a menor atenção ao alimento derrubado por Dolores. Este é outro Teddy, e o que vem à mente — com o perdão pela blasfêmia — é a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, mais especificamente o versículo 13:11:
“Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, sentia como criança. Quando me tornei homem, desisti das coisas próprias de criança.”
O Apóstolo dos Gentios se refere a outro tipo de mudança, mas podemos ver nos olhos de Teddy que ele não é mais criança, para o bem ou para o mal.
Ele segue pela rua entra no Mariposa, onde Dolores está tocando piano, calmamente. Ele diz que estão perdendo tempo, e quando Dolores informa que ele já desceu do trem centenas, milhares de vezes, ele diz que foi criado fraco, para falhar, mas que ela consertou isso. Nesse momento é visível o espanto na expressão de Dolores.
Na cena seguinte vemos o técnico e o soldado capturado por Angela de joelhos, na plataforma do trem. Dolores quer saber onde no quartel-general da Mesa, Peter Abernathy está sendo mantido. O pobre rapaz não tem patente suficiente para conhecer um dado desses, e enquanto tenta se justificar, recebe um tiro na cabeça, disparado por Teddy. O “novo” anfitrião não está com paciência. Nesse momento o que vemos no semblante de Dolores é a realização que deve ter passado pela cabeça do Dr. Victor Frankenstein quando percebeu pela primeira vez que criara um monstro. É mais uma variação do Espaço Fásico de Dolores.
Aqui cabe uma pequena, porém importante, discussão. Dolores provocou uma mudança radical e imediata na personalidade de Teddy. O anfitrião era um indivíduo com forte senso de honra, do que é certo e do que é errado, ponderado em suas ações, com alto grau de empatia. Passou a ser distante, determinado, agressivo, frio na medida de um psicopata. Será que diante da possibilidade de uma mudança tão drástica e tão artificialmente provocada no comportamento do anfitrião, ainda é possível afirmar que ele é, de fato, um ser que atingiu a consciência? A bem da verdade essa é uma pergunta mais adequada a doutores em psicologia que ao mesmo tempo sejam doutores em inteligência artificial e cujas pesquisas sejam em consciência artificial, claro. Contudo, nós, seres humanos, sabemos que mesmo conscientes, temos traços em nossa personalidade que, por mais que às vezes queiramos que mudem, continuam lá. Somos conscientes deles e de seus efeitos em nossas ações, mas não os conseguimos modificar. Não sem muito, muito trabalho, e ao longo de muitos, muitos anos. E quando conseguimos, nem por isso deixamos de ser conscientes. Penso que a consciência — dos humanos e dos anfitriões — exista mesmo diante de traços da personalidade que estão além de seu controle. No caso dos anfitriões, esses traços podem ser artificialmente modificados de imediato, mas só porque conhecemos em detalhes o hardware e o software (afinal, fomos nós que projetamos). Aliás, exemplos semelhantes são encontrados na literatura médica: há inúmeros casos de indivíduos que passaram por mudanças de personalidade após cirurgias no cérebro, muitas vezes em função de remoção de tumores.
Corta para a mesa, e vemos Stubbs em uma variação de seu Espaço Fásico, do outro lado, digamos, do olhar de espanto de Dolores: ele contempla o ferimento na cabeça de um soldado morto e fecha-lhe misericordiosamente os olhos. Aqui Stubbs não é mais o confiante chefe de segurança de Westworld, mas sim a vítima de uma tragédia, vulnerável como incontáveis vítimas pelo mundo a fora. Ao longo de sua breve participação nesse episódio, o Espaço Fásico de Stubbs será esse. Em contraste com Teddy — que teve sua humanidade arrancada à força — Stubbs teve uma dose cavalar dessa mesma humanidade “marretada” em sua mente por força da revolta dos anfitriões e do rastro de destruição que essa revolta deixou pelo caminho.
Charlotte escolhe esse momento para entrar na sala destruída, retornando de sua operação de sequestro de Peter Abernathy. Ela chama pelo socorro da Delos, e finalmente consegue que eles enviem um time de resgate. Ela e Stubbs levam Peter Abernathy para um dos laboratórios, onde a executiva ordena que ele seja contido sem que se mexa com sua cabeça. O técnico chama dois seguranças para conterem Peter e após imobilizá-lo em uma cadeira, eles usam um martelo pneumático para literalmente rebitar o anfitrião no lugar. A nova humanidade encontrada por Stubbs o faz reagir com pena do anfitrião, mas ninguém ali além do chefe de segurança enxerga Peter como algo diferente de um objeto que precisa permanecer imóvel. Sua máquina de lavar está oscilando muito? Uma alternativa é parafusá-la na parede.
Corta para o acampamento do Shogun, na manhã após a batalha. Vemos corpos e mais corpos espalhados pelo chão enquanto ouvimos a respiração ofegante de Maeve. Ouvimos, também, um belo poema sendo declamado com delicadeza por Akane. Trata-se do “Poema da Morte”, escrito em 1696 pelo mestre Zen-budista Gesshu Soko. Akane declama quinta estrofe (em tradução livre):
“Inspirando, espirando
Para frente, para trás
Vivendo, morrendo
Flechas lançadas uma contra a outra
Se encontram no nada
Há uma estrada
Que me leva para casa”
Enquanto Akane declama, a câmera chega até Maeve, que contempla a destruição e no mesmo Espaço Fásico dos olhares de Dolores para com Teddy e de Stubbs para com a tragédia no quartel general. Maeve deixa cair a katana que empunhava e atrás dela vemos Akane cuidando do corpo de Sakura. A gueixa usa uma faca para cortar o coração da anfitriã morta (e não vou entrar no mérito de por que um anfitrião precisa de um coração tão parecido com um coração humano). Maeve arranca a manga esquerda de seu kimono e Akane usa o pano para embrulhar o coração.
Maeve, Akane e o grupo que foi ao acampamento do Shogun retornam à vila e são recebidos por dois soldados. A anfitriã usa sua “nova voz” para ordenar que os soldados se matem. Quando o capitão Tanaka aparece e propõe que os cativos — Musashi, Hector, Armistice e Hanaryo (a doppelgangerde Armistice) — sejam libertos em troca de Akane, vemos Maeve começando mais uma vez a usar a “voz”. Tanaka reluta, mas começa a remover a katana, que certamente será usada contra si mesmo. Aqui vale observar que o efeito da voz de Maeve não é tão imediato. Tanaka resiste e o processo é lento. Talvez seja por isso que Maeve não usa desse expediente o tempo todo: em muitos casos, o processo é lento, e enquanto não ocorre, a anfitriã está vulnerável a ataques.
Musashi intervém e propõe um duelo com Tanaka. Enquanto os dois lutam, Akane pede para que Maeve ajude Musashi, mas a anfitriã de Westworld responde com uma frase significativa, que tanto será usada mais à frente no mesmo episódio, como será alvo de um meme nas redes sociais, certamente: “Cada um de nós merece escolher seu destino, mesmo que esse destino seja a morte.” No duelo, Tanaka usa de um expediente mais apropriado para brigas de rua do que para as lutas — formais e honrosas — do Bushido: ele arremessa um punhado de terra nos olhos de Musashi. Antes de ser morto, porém, Musashi remove uma das katanas da cintura de seu oponente, e por um breve momento vemos a homenagem ao Musashi original, o guerreiro do século XVI, que ficou conhecido por seu estilo de lutar com duas katanas. A leitora Luciene de Oliveira Batista complementa com a informação de que essa segunda katana, menor em tamanho, se chama wakisashi e ambas compõem o Daisho, simbolizando a glória (katana) e honra (wakisashi). Musashi só tem uma katana porque é um ronin, que são os guerreiros despidos de seus títulos de samurai. Os ronins são considerados sem honra, e portanto não carregam a wakisashi.
Quando a luta termina, vemos que Musashi derrotou Tanaka (de forma bastante contundente, aliás) e lhe permite a honra final do Seppuku.
Antes de partirem, Akane mostra que entende que tudo o que se passa já ultrapassou faz tempo os limites da normalidade. Referindo-se a Maeve, ela diz “Rápido. Você deve encontrar sua filha antes que essa escuridão nos devore a todos.” É uma variação dolorosamente consciente no Espaço Fásico de Akane e Maeve.
Corta para o Homem de Preto, que conversa com Lawrence, com Grace cavalgando mais atrás. Lawrence questiona o Homem de Preto se é adequado levarem uma moça — com aparência tão frágil — para um destino tão perigoso, e escuta que “as aparências enganam”. Nesse momento pensamos que ele se refere à força interior de sua filha, mas alguns momentos depois percebemos que a situação é bem diferente: o Homem de Preto não acredita que se trata de sua filha, tratando-a como se fosse um dos anfitriões criados pelo Dr. Ford para lançar mais enigmas e confusão em seu caminho. Grace, no entanto, mostra que não é um anfitrião quando descobre uma emboscada e salva os homens de Lawrence.
Corta para Bernard e Elsie caminhando pelos trilhos do trem em direção à Mesa. Eles chegam ao quartel-general e aqui vemos mais uma sutil instância do Espaço Fásico. Elsie estava confusa na primeira temporada, sem entender o que se passava, enquanto Bernard — ignorando as brutais mudanças que se arregimentavam — era seguro e tranquilo. Nesse momento vemos essa segurança em Elsie, enquanto Bernard continua em seu estado de confusão, quase como se estivesse sonhando com tudo o que ocorre. Elsie descobre que todas as tentativas de ganhar controle sobre os sistemas do parque estão sendo em vão, derrubadas pelo Berço. Bernard afirma que o Berço é apenas o sistema de backup dos anfitriões, mas Elsie mostra que não é só isso, pois o Berço tem, de alguma forma, interagido com vários dos demais sistemas do parque, lutando de maneira inesperada e improvisada. Elsie não consegue ver o código que gera todos esses efeitos, e Bernard afirma que isso não pode ser feito remotamente, mas apenas “em pessoa”, no próprio Berço.
Voltamos a Maeve e seu grupo que chegam ao local de nascimento de Sakura. Vemos, então, a mais bela paisagem de Shogun World: o lago, as montanhas e o vulcão — o Monte Fuji! — ao fundo. Felix e Sylvester encontram uma passagem para o subterrâneo, mas antes que todos se vão, vemos a cerimônia da incineração do coração de Sakura, em um altar naquele belo local. Maeve diz que é hora de partirem, mas ouve de Musashi que ele e Akane não vão. Quando Maeve tenta argumentar, ouve sua própria frase da boca de Akane, em uma belíssima variação do Espaço Fásico de ambas: “Cada um de nós merece escolher seu destino, mesmo que esse destino seja a morte.” Fecha-se aqui – com chave de ouro — esse ciclo entre as duas anfitriãs. É visível o amor entre ambas e o respeito entre Musashi e Hector quando se despedem. Hanaryo segue com o grupo de Maeve, ainda fascinada — talvez até apaixonada — por Armistice.
De volta ao Homem de Preto, vemos ele e Grace no acampamento, à noite. Grace se espanta de ver o pai oferecer-lhe uma bebida, pois achava que ele não bebia. O Espaço Fásico do velho William aqui em Westworld é outro, querida Grace. Ela também mostra que sabe jogar esse jogo, oferecendo alguns detalhes de suas incursões pelos prazeres carnais oferecidos no Raj, seu parque preferido. A inversão, nesse momento, é constrangedora e bastante característica daqueles momentos em que filhos passam “pitos” em seus pais. O Homem de Preto mostra seu lado frágil, e Grace mostra seu lado, bem, digamos “seu lado Homem de Preto”. O humor é sutil e mordaz, como muitos dos lances em Westworld. Contudo, após esse breve momento de humanidade, percebemos que o Homem de Preto está enfurnado demais em sua própria narrativa para perceber a intenção de Grace. Ele acha que ela está ali em busca de sua proteção, mas toma uma bela invertida quando ela diz que veio para impedi-lo de cometer “suicídio por robô”, agora que os anfitriões podem atirar para matar. Ele dá a entender que se convenceu e concorda em partirem dali ao amanhecer. É bem óbvio que ele não tem a menor intenção de cumprir a promessa, e na manhã seguinte vemos Grace acordar sozinha, tendo por proteção apenas um dos primos de Lawrence. O Homem de Preto não pretende mudar seu caminho nem pela filha. A narrativa aqui é dele, e parece que nesse Espaço Fásico, o Dr. Ford o “programou” direitinho. Resta saber o quanto da obstinação do pai foi legado a Grace. É de se imaginar que ela não vai desistir tão facilmente assim. A ver.
Corta para Bernard e Elsie, ainda no quartel-general, dirigindo-se para o Berço. Eles chegam, e somos apresentados a um dos ambientes mais impressionantes de Westworld. Quando se fala de um local para backup, o que se imagina é uma daquelas imensas e entediantes salas de servidores, com dezenas ou centenas de aparatos do tamanho de geladeiras contendo montes de servidores e discos rígidos, armazenando e processando informações no silêncio e no frio asséptico de seus interiores. Não é o que vemos aqui. A sala tem uma emanação luminosa vermelha, os dispositivos estão mergulhados em água (que, sim, é um resfriador mais eficiente que os ventiladores dos servidores comuns). Descobrimos que o Berço não é apenas um banco de dados contendo as memórias e os dados de todos os anfitriões, mas sim uma gigantesca simulação, em que os backups dos anfitriões interagem em um ambiente virtual. Ah, e Elsie lembra que o aparato está tentando matar a todos eles com suas ações estranhas. Na verdade, o Berço é o principal Espaço Fásico desse episódio, uma manifestação completa do universo de Westworld, aqui no plano virtual. Todos os estados do sistema do parque, ocorrendo dentro dos computadores.
Bernard brevemente se lembra que trouxe algo ou alguém para aquele lugar, e se lembra de relance de pegar a esfera no laboratório subterrâneo. Aqui temos uma possível interpretação que, se for correta, responde a uma das mais importantes questões da temporada. E se a consciência programada na esfera tomada por Bernard for a consciência do Dr. Ford, que ele trouxe para cá para fazer upload no Berço? Isso inverte a lógica da maioria das teorias, que dizem que essa consciência foi criada para que seja feito um anfitrião de Ford, no futuro. Penso que essa foi a maneira eu o Dr. Ford encontrou para conseguir fugir para dentro do sistema que ele próprio criou, imortalizando-se e tomando controle em definitivo do parque. A ver.
Bernard se propõe a entrar no Berço, e se submete à dor de ter o crânio aberto “a seco” mesmo diante dos protestos de Elsie. Sua esfera é removida e depositada em uma das interfaces de entrada do Berço. Temos aqui uma referência direta ao filme Matrix, com Bernard se transferindo para uma realidade dentro do berço, de maneira análoga com que Neo, Morpheus e os demais libertos entravam e saiam do mundo virtual.
Imediatamente Bernard se vê no trem, a caminho de Sweetwater. Fica claro que algo ou alguém está no controle, guiando Bernard pela simulação do Berço. Mesmo que ainda seja cedo no episódio, já é possível vermos a ação do Dr. Ford para com Bernard. Mas por enquanto, nos despedimos dele quando o trem chega à estação e ele começa a caminhar pela rua, em meio aos transeuntes virtuais.
Vemos, então, Stubbs encontrando o time de resgate enviado pela Delos, liderados por Coughlin (o ator irlandês Timothy V. Murphy, que faz o papel de Conor Devlin na série Quantico). Coughlin não dá a menor importância para o antes poderoso chefe de segurança de Westworld e faz questão de mostrar seu desdém.
Corta para Maeve, finalmente chegando até a pradaria, emergindo de uma saída disfarçada de túmulo. A imagem é sutil, mas significativa: ela ressurgindo dos mortos para uma narrativa que não é mais sua.
Sizemore conta vantagem de ter cumprido sua promessa e Maeve, brevemente, faz ironia de sua “única e admirável! contribuição”. Em seguida ela se move no Espaço Fásico e faz ela mesma algo de admirável: agradece a Sizemore. O olhar do roteirista de Westworld é de espanto, enxergando pela primeira vez a humanidade de Maeve, em uma singela variação de seu próprio Espaço Fásico.
Quando Hector pergunta em que direção devem ir, Maeve diz que deve fazer esse último pedaço sozinha.
Vemos brevemente o grupo do Homem de Preto sendo atacado pela Nação Fantasma, e a cena rapidamente corta de volta para Maeve, chegando à sua antiga casa. Aqui temos mais uma linda referência: Maeve caminhando pela pradaria, passando a mão pela grama alta nos remete a uma das mais belas cenas do filme Gladiador, quando Maximus se vê, em pensamento, chegando à sua propriedade na Espanha, correndo a mão sobre o trigo.
A filha brinca na varanda, e Maeve conversa com ela brevemente. A garota mostra que as memórias dos anfitriões de fato não são efetivamente apagadas, pois ela tem a preocupação, em sua fantasia com as bonecas, de ser levada novamentepelo homem mau. Ela não se lembra de Maeve, mas não se esqueceu completamente de seu passado. Entra em cena a anfitriã que atualmente é a mãe da garota, e logo em seguida, antes que Maeve tenha a oportunidade de reagir a essa “intrusa”, elas percebem que um grupo da Nação Fantasma se aproxima. Maeve pega a garota pela mão e ambas saem correndo. Por que Maeve não usou seu controle mental Jedi para impedir o avanço dos cavaleiros da Nação Fantasma? Aqui a teoria de que é um processo de que demanda tempo e concentração ganha força, pois ela ficaria vulnerável se só parasse no lugar se concentrando para os dominar.
Na fuga, Maeve cai, e o índio Akecheta chega até ela. Ele diz que ela deve ir com eles, e que ambos — Akecheta e Maeve — devem seguir o mesmo caminho. Maeve rejeita o pedido de Akecheta, e nesse momento Hector e os demais atiram nos índios para proteger Maeve, enquanto Sizemore aproveita a oportunidade para usar seu rádio par pedir ajuda. Maeve foge, mas a cena é interrompida ainda longe de ter sido resolvida a situação. Vamos ficar pelo menos até o próximo episódio no suspense do que ocorre em seguida.
Voltamos ao trem em que Dolores, Teddy e Angela seguem em direção à Mesa. Ao se aproximarem, eles deixam a locomotiva — cheio de explosivos e a pleno vapor — e um dos carros seguindo adiante, enquanto se protegem no carro traseiro, separado do comboio. Antes de partir, Teddy ainda mostra mais uma vez que é outra pessoa, completamente diferente. Ele mostra sua “misericórdia” ao técnico do parque dando-lhe uma arma descarregada e a bala que encontrou na rua de Sweetwater. A mensagem é simples: se quiser se suicidar antes do choque do trem, vai doer menos. Ah, Teddy…
Vemos, então, a equipe de Coughlin reativando o mapa tridimensional do parque a tempo para ver o trem se aproximando em alta velocidade. Quando a explosão ocorre, nós a ouvimos de dentro do Berço, e apenas Elsie a percebe, uma vez que Bernard está no mundo virtual. Nós o vemos caminhando pela rua e entrando no Mariposa, onde nosso velho conhecido Dr. Ford o recebe com palavras de boas-vindas; “Olá, velho amigo.”
O episódio termina aqui, mas é muito claro que Ford, mesmo morto, continua firme no controle de tudo o que se passa. Não fica claro que ele queria a presença de Bernard ali, mas uma vez que seu assistente entrou no Berço, Ford o guiou até si e tem planos para ele. A ver.
Teoria descartável da semana: As ordens de Coughlin são: remover Peter Abernathy com segurança do parque; destruir a ilha toda para que não sobrem nem testemunhas nem evidências do que ocorreu ali.
Excelente texto e metatextos que vc usou... parabéns!
Muito obrigado Maria Rosario! Tem dos episódios anteriores também, se te interessar. E semana que vem tem mais. Até lá.