Fernando Collor foi eleito com a promessa de levar sua fama de “caçador de marajás” para a esfera federal. Chegando lá, veja bem… O discurso foi rapidamente esquecido. Aqueles a serem combatidos viraram aliados, e seu governo foi prolífico na fabricação de marajás, inclusive ele próprio.
Fernando Henrique chegou ao Planalto orando aos quatro ventos que a prioridade de seu governo, agora que a inflação havia “acabado”, era a reforma tributária. Chegando lá, veja bem… Saiu de lá 8 anos depois com o código tributário ainda mais bizantino do que recebera de seu antecessor.
Lula criticou o quanto pode a política econômica do país enquanto era oposição. Chegando ao poder, veja bem… O superávit primário — um escândalo apenas alguns meses antes — virou a única medida possível, a ponto de seus adversários do PSDB afirmarem a quem quisesse ouvir que a equipe econômica de Lula estava aplicando o plano econômico de José Serra quase que ipsis literis.
Dilma foi reeleita com base no discurso da “Pátria Educadora”. O FIES ia de vento em popa, o PRONATEC elevaria o nível profissional do Brasil a patamares nunca antes atingidos, e por aí vai. Recolocando-se lá, veja bem… Quer causar constrangimento em professores de esquerda e gargalhadas em todo o resto do professorado? É só mencionar a tal “pátria educadora” em algum intervalo de aula na sala dos professores.
Temer subiu ao poder apoiado nas medidas que estancariam a recessão, bem como no apoio à Lava Jato e às medidas anticorrupção. Após a prestidigitação que lhe garantiu a presidência, veja bem… Por que mesmo apoiamos a deposição — constitucional, porém brutalmente casuística — de Dilma?
No hemisfério de cima a coisa não é diferente: Trump afirmou com todas as letras, em vários momentos, que o Aquecimento Global não passava de uma invenção dos chineses, um golpe publicitário para desacelerar ainda mais a indústria americana — obviamente para o deleite de milhões de eleitores. Após tomar a Casa Branca na base do racismo, da misoginia, das mentiras e da ignorância do povo americano, veja bem… Recentemente, em entrevista à CNN afirmou que parece haver alguma ligação entre a atividade humana e o aquecimento global. É como dizer que há alguma relação entre a Bomba de Hiroshima e a morte de dezenas de milhares de cidadãos daquela cidade no dia 06 de agosto de 1945: não deixa de ser verdade, mas há afirmações mais precisas sobre o assunto.
A pergunta é: por que teimamos em acreditar em promessas de políticos, por mais absurdas que sejam? Será que somos tão idiotas assim? Será que comparado a nós, Eremildo, o idiota do jornalista Elio Gaspari é um gênio merecedor do Nobel de Física? Ou será que somos tão parciais, tão coniventes, que engolimos qualquer coisa para, deliberadamente cegados por nossa parcialidade, colaborarmos o sucesso de suas campanhas?
Bem, enquanto continuarmos assim (quaisquer que sejam as respostas para as questões acima), o velho clichê de que cada povo tem o governo que merece vai continuar sendo uma verdade absoluta.
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