A regra é clara e objetiva: se você não é prioridade para você mesmo, não será para ninguém. Quando isso acontece, você se torna completamente vulnerável a situações que alimentarão essa falta de cuidado próprio. Essa vulnerabilidade faz, por exemplo, com que você entre num ciclo de uso. Explico: o ego, a carência, o medo, tudo isso forma um time imbatível que faz com que você se sinta útil ao ser usado por outras pessoas, ou melhor, quando você se deixa ser usado por outras pessoas. Afinal, ninguém faz nada com a gente sem a nossa permissão, não é mesmo?
A ilusão em ter atenção, amor, carinho, parceria, companheirismo, amizade, faz com que a gente não se dê ao respeito quando se permite ser usado. Toda a energia, tempo, ouvidos, coração e alma, são doados livremente, sem limites. Talvez nem dê para perceber de fato exatamente quando isso aconteça, tamanha a entrega descabida. Pode ser mais nítido de entender no momento em que a pessoa, que já pegou tudo o que queria ou precisava, simplesmente vai embora sem deixar rastro. Não fisicamente e, às vezes, nem vai de fato. Antes fosse. A pessoa vai, levando tudo de bom que você ofereceu, usa como nutrição, às vezes até realiza os sonhos que você contou para ela que tinha, assim como se fossem dela. Como isso não é dela, uma hora acaba. Quando acaba, volta para você, a fonte. E você faz o quê? Tudo de novo. Entra no mesmo ciclo de ilusão. Complicado perceber também como tudo isso pode ser totalmente inconsciente. Ou não.
A parte positiva disso tudo é justamente o despertar, ganhar a clareza e, finalmente, compreender o que se passa de fato. Isso porque, a partir daí, você ganha também muitas escolhas e novos caminhos a seguir. A responsabilidade sempre vem junto com a informação, o conhecimento, a clareza. Você pode quebrar o padrão e adotar outro, aquele que desejar, de forma livre. Spoiler de vida? Anota aí: caso você decida quebrar tudo e se reinventar, será, no mínimo, estranho. Ao não mais permitir ser usado, quem usava perderá a fonte e se verá obrigado a se reinventar também, ou a buscar uma nova fonte. Vampirismo energético talvez? Não sei. O fato é que, humanos que somos, todos já fizemos, fazemos ou faremos um dos dois papéis, ou ambos.
Se hoje, você também se encontra no papel de quem se deixa ser usado e só se deu conta agora, prepare-se! Deixar ir, mudar padrões, trará um cenário diferente e novo, com o qual você precisará lidar com persistência e coragem. Entre quebrar esse ciclo e tudo de novo chegar, você lidará com a solidão absoluta. Não vai restar nada, a não ser você com você mesmo. E estando muito acostumado a servir apenas aos outros, esquecendo de você, pode ser bem perturbador no começo. Continue mesmo assim. Talvez a chave vire quando você descobrir que, na verdade, sempre foi você com você mesmo e é muito bacana que seja dessa forma. Era você quem inventava pessoas para usar tudo o que possui de melhor, apenas por não saber ainda como lidar com o prazer de ficar com seu próprio ser. E quem é você?
Acredite, pode parecer assustador, mas é um processo libertador. Vendo tudo de forma crua, por mais gélido que pareça, você se coloca, finalmente, como trabalhador incansável que transmuta a solidão em solitude. E quando isso tudo estiver ardentemente acontecendo, o que pode se transformar numa constante, o novo chegará, nascerá, brilhará. Num tempo que é só seu. Ninguém está atrasado, porque cada um tem sua própria hora certa de chegar.
O que vem depois disso? Não sei ainda, não cheguei lá. Quando chegar, conto. Se chegar primeiro, me avisa?
E assim seguimos! É isso e é só.
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