Nesses tempos de quarentena, resistimos como podemos, desiguais, desinfelizes. Trabalha-se, muito, a despeito da falta de emprego. Se não são as mãos ocupadas com algo, é a mente, a imaginar cenários e mundos diferentes, futuros. Esse é o efeito de se ter o espaço confinado: sobra-se na gestão do tempo. Um quintal, um privilégio para […]
Saraivar golpes
Comento aqui três fatos relacionados à literatura e à vida que, sendo tão importantes e recentes, merecem nossa nota de comentário. O primeiro é o cancelamento da escolha do Prêmio Nobel de Literatura desse ano. Isso não se vê todo o dia, embora isso já tenha acontecido no passado da premiação. Para resumir o caso, […]
Quando pensamos na vida
Quando pensamos na vida, é comum pensarmos também no fim, seja por meio de trivialidades — que têm sentidos não lógicos, intrínsecos ao indivíduo que lhe confere — seja pelas crises, agentes de transformação. Esse é o prólogo do novo romance de Michel Laub, O tribunal da quinta-feira (São Paulo: Cia. Das Letras, 2016, 184 […]
Uma caminhada pelo ocaso do mundo
Em certos momentos, enfrentamos situações-chave, eventos marcantes e inevitáveis, em que o mundo que conhecemos é alterado e, a partir disso, também perdemos os elementos que nos possibilitavam reconhecer – o outro, a nós mesmos. São acontecimentos registrados por escritores, poetas, cineastas, historiadores, jornalistas, viajantes, que notam como a vida passa a ser marcada pelos […]
Calvino e suas narrativas delirantes
O romance de Ítalo Calvino surpreende pelo seu projeto ambicioso de ser um romance metalinguístico e, em alguns aspectos, superar esse conceito. Calvino, como o escritor representativo da literatura italiana do século XX, percebeu como poucos a busca dos autores de sua geração em estabelecer os novos rumos para a literatura na Itália recentemente formada […]
Frankenstein, de Mary Shelley
“Acaso, ó Criador, pedi que do barro me moldasses homem? Porventura pedi que das trevas me erguesses?” John Milton, Paraíso Perdido. Já dizia Rousseau que a única virtude natural humana, reguladora do instinto de sobrevivência, é a piedade, caracterizada como “uma repugnância inata diante do sofrimento do semelhante”. Identificamo-nos, por nossa humanidade, com o sofrimento […]