Em seu ensaio de 1909 apropriadamente intitulado Tremendous Trifles (Ninharias Tremendas), G. K. Chesterton compara dois modos distintos de expressar ideias através da literatura, usando uma interessante metáfora de contos de fadas para fazê-lo. Eis um resumo:
Paul e Peter, dois garotos, são visitados por uma fada e recebem um desejo cada. Paul quer ser um gigante para visitar as maravilhas muito interessantes e muito distantes do mundo (e voltar para casa no final da tarde, como o bom menino que ele é). Tendo seu desejo concedido, ele se vê entediado com as visões nada impressionantes: os Himalaias são apenas montes de poeira; As Cataratas do Niágara são apenas um balde de água. Esse, de acordo com Chesterton, é o estilo proposto por Rudyard Kipling — o mundo das grandes ideias, das grandes contemplações — e isso não interessa ao autor. Peter, por outro lado, deseja ser pequeno e, assim, é transformado em uma minúscula criatura em seu próprio quintal. Agora o pequeno monte de terra é uma tremenda montanha e os arbustos uma floresta impenetrável. Chesterton se vê no pequeno pigmeu, procurando (e encontrando) maravilhas nas pequenas coisas. Chesterton enxerga possibilidades tremendas nas “ninharias” à sua volta.
Eu entendo o ponto de vista de Chesterton. Como fotógrafo amador eu adoro pegar meu iPhone e andar por aí onde quer que eu esteja. Pequenos detalhes prosaicos podem contar histórias maravilhosas quando encontrados e devidamente enquadrados e iluminados. O mesmo pode ser dito sobre as histórias encontradas no cotidiano: elas podem ser pequenas, aparentemente insignificantes, com certeza. Mas se alguém apenas as coloca sob a luz certa, elas podem ser maravilhosas, de fato.
Ainda assim, algo tem que ser dito sobre se fazer um gigante e olhar para as grandes coisas, com a cabeça nas nuvens. Os assuntos grandes podem ser difíceis — e, para ser franco, além das minhas magras habilidades — mas eles estão lá, precisando ser burilados, precisando de exploradores.
Além disso, o tédio enfrentado por Paul devido ao seu tamanho inflado não é o único resultado possível. Pode-se também sentir-se muito pequeno ao pé do Monte Vesúvio, contemplando as ruínas de Pompeia, ou olhando para a esfinge de Gizé. Muitas histórias podem ser inspiradas por isso e uma miríade de outros locais, sem que ninguém se sinta como algo gigantesco ou pomposo na presença deles. Minha experiência limitada me ensina o contrário, na verdade: a História me coloca no meu lugar e me dá uma perspectiva do pouco que conheci e experimentei durante a minha vida, em comparação com as centenas de séculos em que estivemos por aqui, como uma espécie.
A meu ver não há absolutamente nada entediante sobre isso.
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