E, nesses dias, deparei-me com “O louco”, de Khalil Gibran. Pois é, quando jogamos para o Universo, ele nos devolve!
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós
Eu bem sei o que tenho jogado para o Universo. Mas, não vou contar não! O que vou contar é uma de suas devoluções: a imagem de um outro tipo de louco em meu espelho…
Um louco diferente do louco de Gibran. Até porque, depois de tantas vidas usando máscaras, a sensação do sol bater diretamente em sua cara desprotegida é desagradável e dolorida! Malditos ladrões que roubaram minha proteção!!!
Iluminar o que esteve por trás das máscaras por tanto tempo pode até ser uma agressão, sabia? É como fritar uma sombra. Chega-se a sentir o cheiro de queimado. A fumaça embaça o que esteve por trás durante todas as sete existências. Talvez, por isso, esse primeiro momento se pareça tão violento e tão amedrontador.
A dor, o cheiro forte e o medo de ver além da fumaça. O que haverá realmente? O que se encontrará quando a fumaça se esmaecer?
Agora, os gritos do menino trepado no telhado tomam outro sentido: só mesmo esse tipo de louco sente falta de suas máscaras! Só esse tipo de louco quer voltar à segurança de seu cárcere! Só esse tipo de louco sofre por não ser compreendido e aprovado.
Esse tipo de loucura é a loucura daqueles que têm medo de ser loucos em terra de acorrentados, de compreendidos, de aprovados. Esse tipo de louco sacrifica-se para ser normal. Esse tipo de louco sente que, vivendo normalmente, será livre, será compreendido e será aceito!
Oi!!! Tudo bem contigo? Ontem, ouvi a música do Michael Jackson. "I'm starting with the man in the mirror I'm asking him to change his ways And no message could have been any clearer If you want to make the world a better place Take a look at yourself, and then make a change." Bacana e coerente, né? Mas fico com uma pergunta após ler o seu texto. É preciso mudar ou só enxergar melhor, sem as máscaras? :) Um abraço e bom dia!