Entre falar e calar, calar e escutar, escutar e observar, observar e sentir, sentir e amar, amar e sorrir, sorrir e ser paz. Eu fico com a insanidade tão maravilhosamente orquestrada pela vida de um equilíbrio tão vão e frouxo como uma corda de varal repleto de roupas pesadas, todas juntas, prestes a desabar a qualquer momento. Um vento e roupas limpas ao chão. Poucos instantes para que de limpa, a roupa passe a ser suja novamente. Lava-se novamente, corda de varal de novo. Não seria essa, talvez, uma das explicações mais inconsequentes para o fluxo da vida? Veja, sempre haverá roupas a serem lavadas, estendidas, recolhidas, algumas passadas, todas guardadas. Quando cada roupa está, ou estará, em que processo e por quê? Não faço ideia. É muito relativo, compreende? O fato é que todas passam pelo mesmo processo. Claro que algumas roupas são esquecidas, guardadas sujas por algum tempo, guardadas de forma desordenada ou nunca guardadas. Fugir do processo, do fluxo, não deixa de ser uma fase e de também fazer parte do processo. Não se foge do fluxo da vida, entendam.
O ponto em comum entre as roupas, talvez seja o que torna mais fascinante essa minha logística absurda e totalmente metafórica: todas as roupas são roupas, sempre. Umas tem formato de saia, outras de camisa, cueca, calça, toalha de mesa. Cada uma também seu tempo de uso e a forma como se comportou diante do tempo, das lavagens, bem como a forma como serviu ou não, dentre outros. Só que todas são roupas. E você pode estar se perguntado: desde quando toalha de mesa é roupa? Ah, para mim é roupa, porque veste a mesa e pronto. Volte para cá, meu caro. Continuando, é essencial que pensemos que antes da roupa ser roupa, ela foi e sempre será um tecido. E existem tecidos dos mais diferentes tamanhos, cores, texturas, lisos, estampados, florais etc. E não seria assim também a alma humana?
Você, eu, nós, todos somos roupas de alguma forma. E todos nós, em absoluto, fomos e sempre seremos tecidos, ou seja, almas. Compreende onde quero chegar? Se não, paciência. Se sim, ótimo! Partindo desse princípio maluco e totalmente e quilibrado dentro de minha insanidade mais bonita e sábia, vem a pergunta que não quer calar: o que nos faz pensar que somos assim tão diferentes uns dos outros? Como, onde e por quê? O que nos faz em diversos momentos com que nos sintamos melhores ou piores? Menos ou mais? Mais evoluídos ou menos evoluídos? O quê? Me diga como é possível dizer que uma saia é mais evoluída que uma camiseta? Ambas são roupas, originárias de tecidos, mas cada qual com sua função e características absolutamente peculiares. Então o que faz sentido no fato das pessoas competirem de forma tão desmedida o tempo todo, sob diversos aspectos, e em especial com aqueles que mais amam? Ou que mais odeiam, ou qualquer outro sentimento, ou nenhum sentimento. Qual é o motivo da competitividade sangrenta, cruel, acelerada e constante?
Eu sou uma saia vermelha, de poá, rodada, curta, sexy, mas elegante. O outro é uma camisa amarela, também elegante, mas discreto, com detalhes em azul marinho. Um é saia, o outro é camisa. Por que raios um pode ser considerado melhor que o outro? Para quem? Quando? Por qual motivo? E você pode estar pensando que enlouqueci se estou querendo misturar essas duas peças e ter um look bacana. Não! Não é preciso misturar, entende? Mistura quem quer, como quer, se quiser. O importante é saber que além de sermos todos roupas, virmos todos de tecidos, gostando ou não, absolutamente todos nós ocupamos o mesmo guarda-roupas, meu caro. Vivemos todos debaixo do mesmo céu. Pode parecer loucura comparar humanos a roupas, mas dane-se, eu gosto mesmo é de escrever as minhas sensações mais estranhas sobre o mundo. Não importa se gostarão ou não, entenderão ou não. A mim apenas importa se sentirão algo a respeito, seja lá o que for.
Vou só um pouco mais além, ok? Se todos somos roupas, viemos todos de tecidos e sempre seremos tecidos, e vivemos todos dentro do mesmo guarda-roupas, ou seja, debaixo do mesmo céu, por qual motivo ainda temos tanta dificuldade em utilizar de algo tão simples, mágico e sábio, que deveria ser óbvio: o respeito?
Eu amo a saia que sou, respeito a camiseta que você é. E está tudo certo. Seria simples mesmo, se o ser humano não fosse tão desprovido de um sentimento que muito se fala e pouquíssimo se sente na real: o amor, aquele incondicional. E não venha com o papinho furado de que amor incondicional é só entre pais e filhos. Se ligue, leia, busque! Amor incondicional é o princípio maior de todo e qualquer tipo de forma de expressão da Espiritualidade. Isso apenas quer dizer você se aceitar e se amar para conseguir aceitar ao outro e amar ao outro exatamente como ele é. Não tem nada de romântico nisso, na verdade é bem palpável e real. Se eu me aceito e me amo como sou, tenho olhos amorosos para o outro. Não preciso conviver, estreitar laços, casar, ser amigo. Um ser humano amar qualquer outro ser vivo requer somente o respeito pelo que se é, pelo que se vê, pelo que se escolhe ou não e pela empatia que se busca. Quem sabe esse seja o caminho mais insano e lúcido de equilíbrio para a paz, interna e externa, tão loucamente procurada e tão minimamente vivida? Experimente!
E se a gente se esbarrar por aí, nos cordões de varal da vida, terei o maior prazer de dividir o sol ao seu lado. Boa caminhada para nós!
É isso e é só!
Daniela, mas quantos se amam e se aceitam? Mais, quantos são levados a não se amarem ou se aceitarem, afinal, o que importa é o sucesso, o dinheiro e o poder? Manter o mundo individualizado, cada um com sua sobrevivência não é bom? Imagina todos respeitando-se, amando-se, um mundo com justiça social? Como lucrar enormemente com isso? Se eu me realmente me amo e vejo no outro um igual, devido a esse amor, como posso viver num palácio e o outro morrer de fome? Isso não é ser contra a meritocracia, ser contra o capitalismo, ser utópico e nem dizer que precisamos morar todos nas mesmas condições ou ganhar o mesmo salário, mas num mundo com pessoas com amor próprio e respeito esse abismo não existiria.
Olá, Jaylei querido! Veja, não estou aqui para falar sobre esse abismo, suas causas e as soluções para isso. Apenas estou aqui para lembrar que, em essência, somos todos iguais sim. Vivemos o perfeito do imperfeito, num mundo onde a perfeição não faz parte. E se te fez pensar, está "perfeito"!rs Gratidão pelas palavras e pelo carinho! Grande abraço!
Texto adorável...
Olá, André! Tudo bem? Muito obrigada pelo comentário! Grande abraço!