Em minha atuação profissional na área de Segurança da Informação, aprendi uma máxima absoluta: nenhum sistema digital em funcionamento é invulnerável. Para que fosse possível tornar um sistema invulnerável, ele deveria ser desligado, desconectado de qualquer fonte elétrica e de qualquer rede, escondido em um cofre cuja localização é desconhecida, e vigiado constantemente por pessoal que não pode ser subornado. Se esse fosse o caso, obviamente que o sistema em questão seria absolutamente inútil por estar desligado e desconectado, obviamente.
Tudo isso para dizer o que o histórico corrobora há décadas: todo sistema é vulnerável. Ataques podem acontece a qualquer momento, vindos de dentro e de fora da instituição que mantém esses sistemas. Profissionais de segurança sabem disso, e trabalham incessantemente para identificar e corrigir pontos de falha.
Um sistema que ainda nem nasceu direito — mas que certamente será amplamente utilizado em um futuro próximo, é o piloto automático dos veículos de última geração. A Tesla — empresa do bilionário Elon Musk — vem alardeando essa característica de seus automóveis há pelo menos três anos, e os testes parecem promissores. Inúmeros são os relatos de proprietários de veículos da Tesla contando como fizeram viagens longas tocando no volante em poucas situações, e ainda assim mais por receio pessoal do que por necessidade.
Ocorre que pesquisadores do Keen Security Lab, pertencente ao conglomerado chinês Tencent, acaba de publicar um artigo em que descreve não um, mas dois ataques bem-sucedidos contra automóveis da Tesla, ambos permitindo que um adversário tome controle do volante, o que é deveras preocupante.
No primeiro ataque, uma vulnerabilidade na comunicação de dados permite acesso ao sistema operacional do veículo. Daí, outra vulnerabilidade permite acesso ao sistema de direção. Nesse ponto, o atacante pode usar um controle de videogame para direcionar o carro.
O ataque é complexo, obviamente, e precisa de condições muito especiais para ser possível, o que torna a situação um pouco menos tenebrosa.
O segundo ataque é bem simples: o atacante coloca alguns colantes na pista, com um padrão impresso que engana a visão eletrônica do carro. O ataque pode desviar o carro de sua rota, colocando-o no sentido definido pelo atacante. Um efeito que pode ser obtido é desviar o carro para a contramão, o que é uma possibilidade pavorosa.
Ambos os ataques foram apresentados à própria Tesla, que já corrigiu as falhas do primeiro e está trabalhando na correção do segundo.
Essa ação rápida da Tesla, combinada com a boa vontade dos pesquisadores, é um alento, mas o fato é que não resolve muita coisa. Os ataques frisam o fato de que qualquer sistema é vulnerável, e que os automóveis computadorizados não são exceção. O agravante é que são automóveis, com todas as implicações que dispositivos desse tamanho, desse peso e com essa agilidade impõem.
A expectativa é de que os sistemas autônomos dos carros do futuro sejam bastante bem vigiados, com testes extensos para buscar garantir que não haja “furos”. Contudo, o histórico mostra com clareza o que se sabe desde os primórdios da computação digital: sempre há uma forma de se burlar a segurança.
Mas fazer o quê? O futuro sempre vem, a gente sempre se adapta, e os incidentes — por mais escabrosos que sejam — entram para a contabilização de custos das facilidades que a tecnologia nos traz. Tomara que esse risco novo valha a pena.
Fala! Fui ler posts "antigos" do Kulpas e vejo essa bela frase. "E é precisamente aí que Stephen Hawking, Bill Gates e Elon Musk (para ficarmos só nos nomes mais famosos) expressam suas preocupações. Para eles, este momento pode marcar o fim da espécie humana." Precisamente, no momento do despertar de consciência das IAs. Ainda que baseado na "realidade", não é bom ver o ser humano como um destruidor, como o mais tóxico vírus atuante, mas é isso que somos. A Terra viveria muito bem com seus ciclos naturais, catástrofes, extinções, mas sem a nossa ajuda. Os "evoluídos" seres conscientes que destroem, contaminam, escravizam, oprimem e exterminam a sua própria espécie. As IAs estariam certas ao considerar o ser humano uma praga a ser eliminada e como escreveu o Kulpas: para ontem. Abs!
Oi Jaylei. Seu comentário me lembra um documentário que vi uns anos atrás: The World Without Us", em que se especula como ficaria a Terra se de repente a espécie humana simplesmente desaparecesse. É um documentário lindo, que mostra a velocidade estonteante com que o planeta se recuperaria, com efeitos sendo sentidos meros dias depois, e acelerando à medida que o tempo passa. Sim, somos um vírus bem destruidor em nosso planeta. Recomendo esse documentário. Abração.