Sempre achei uma grande ousadia discordar de uma figura tão respeitada como Mario Sergio Cortella (Professor de Filosofia pela PUC), pois sua visão de mundo é impecável e seus argumentos imbatíveis (opinião minha). Mesmo assim, tenho que declarar que discordo dele: eu gosto muito dos “Emoticons” ! Estou me referindo a um trecho do Café Filosófico (CPFL Especial de lançamento do livro “Basta de Cidadania Obscena!”). Trata-se de um pouco mais de onze minutos divertidíssimos em que Cortella e Marcelo Tas (jornalista e apresentador de televisão) discutem suas opiniões a respeito dos “Emoticons” (figurinhas que utilizamos em nossas mensagens via WhatsApp, Facebook, Snapchat, Twitter etc).
A partir da postura simpatizante de Tas e da postura antipatizante de Cortella, a respeito do tema, podemos pensar sobre comunicação, interação humana, superficialidade de nossa sociedade contemporânea etc. Assim, proponho algumas reflexões sobre os principais pontos que foram colocados.
Cortella diz que sua implicância com os “Emoticons” tem, como um dos motivos, a substituição da expressão verbal (oral ou escrita) por uma imagem pictórica. Segundo o professor, esse hábito fomenta a comunicação artificial, simulada e superficial, uma vez que envolve uma linguagem rápida (1 “Emoticon” pode substituir uma frase inteira) e nada personalizada (o mesmo coraçãozinho enviado para uma amiga pode também ser enviado ao marido). Eu fiquei pensando: mas, até mesmo uma comunicação verbal pode apresentar essas mesmas características. Podemos nos tornar superficiais e mecanizados mesmo nos comunicando verbalmente, não é mesmo? Pareceu-me que, na verdade, Cortella estava incomodado com o caráter imediatista do WhatsApp: trocamos mensagens apressadamente, sem nos preocuparmos com um mínimo de dedicação ao nosso destinatário. Ao invés de enviarmos um: “Feliz aniversário! Desejo a você os melhores presentes que a vida pode te dar. Que você tenha saúde, realizações e muito amor neste novo ano de sua vida!” – acabamos enviando um “Emoticon” de um bolo de aniversário, seguido de balõezinhos vermelhos. Ou seja: substituímos 155 digitações por apenas 2 .
Em contrapartida à antipatia de Cortella pelos “Emoticons”, Tas tenta explicar como essas figurinhas podem ser úteis para “humanizar” as mensagens. Por exemplo:
(WhatsApp emissor): “Você não vem mesmo?”
(WhatsApp destinatário): “Não.”
Temos, no exemplo, uma resposta que pode levar o emissor a ficar bastante chateado pela aparente frieza. No entanto, quando o destinatário insere uma carinha de choro logo após esse “não”, o emissor entenderá que o destinatário, na verdade, tem vontade de ir, mas não poderá. Uma possível explicação com apenas 1 “Emoticon”!
Cortella, então, questiona por que, ao invés de ficarmos nesse “vai e volta” de “Emoticons”, não ligamos simplesmente? O próprio tom de voz já poderia demonstrar o tipo de emoção envolta na resposta do destinatário. Eu fiquei lembrando a quantidade de vezes que, durante uma reunião de trabalho, todos estão portando seus respectivos celulares e vão respondendo rapidamente às mensagens de forma a não ter que se retirar para fazer ligações.
Outra colocação de Cortella se refere à superficialidade das interações humanas. A valorização da amizade se dá pela quantidade de amigos e não pela qualidade da relação. E essa tendência se manifesta não apenas em relações de amizade, mas também em outras dimensões macros, como na política, social, econômica: a comunicação midiática é rasa e instantânea, pois ninguém tem tempo para ler e elaborar com profundidade. São muitas coisas acontecendo rapidamente, decisões de Estado podem mudar a cada minuto. As notícias acabam sendo praticamente icônicas também (com intuito de impactar instantaneamente).
É! São novos tempos… São controversos sim! De qualquer forma, creio que devemos ter mais clareza ao focar os pontos da discussão. O problema não está nos “Emoticons”! Está nas escolhas que temos feito frente ao modo com que interagimos uns com os outros, seja na esfera pessoal, profissional, social e outras. Até que ponto conseguiremos discernir entre o que é mais importante: 118 mensagens icônicas diárias por WhatsApp ao invés de 2 encontros pessoais? Como decidir se devemos ou não desligar nossos celulares durante uma reunião de trabalho? E se houver uma emergência? Como priorizar as leituras e não cair nos apelos de vídeos, fotos e links a cada segundo? Temos visão seletiva, frente à tela de nosso WhatsApp? Deixamos que as amenidades nos roubem o tempo com nossos entes queridos?
As perguntas são infinitas. As respostas, ainda estamos tateando. Para cada situação, uma análise. Para cada pessoa, uma prioridade. Estamos em mais uma transição humana, bastante marcante. Há muito o que aprender. Vamos ter que errar muito antes de começarmos a acertar. O maior desafio que temos não é abrir mão de toda tecnologia de nossos tempos, mas é discernirmos a melhor medida de seu uso.
SUA LINDA!!! Adorei o seu texto! O do Ruy tbm foi ótimo, mas não vou chamar ele de LINDO! kkkk Ruy, seu lindíneo! kkkkk Olha, são tempos controversos mesmo, não que outros não tenham sido, só que não tinham tanta gente especialista, nem tanto palpiteiro/pseudo-especialistas em tudo, de plantão. Podemos ver o lado bom e o lado ruim, ver as sombras da humanidade esgueirando-se bem ali, na nossa telinha... Enfim, acredito muito que estamos em transformação e para melhor; mais empatia, mais compaixão, mais sabedoria da importância do momento presente. Porém, acho que estamos dando um passo atrás em algumas questões (intolerância religiosa, aumento da desigualdade, por ex), mas talvez necessário para reflexão e para os muitos passos adiante. Fique bem! Namastê. (não sou budista, mas gosto da saudação)
"Caro Caríssimo", puxa, como são prazerosos seus contatos! Ouvi alguém dizendo que, na verdade, não estamos vivendo uma Era de mudanças - estamos vivendo uma mudança de Era!!! A Lei da Polaridade se pronuncia: há intensidade tanto na construção como na destruição; tanto no positivo como no negativo; tanto na evolução como na regressão... A polaridade pede a ação do "fiel da balança". E isso não significa seguir pelo caminho do meio, significa deslocar-se para uma escala acima e encontrar um outro continuum de polaridade, quem sabe mais evoluído. Muitas vezes, é preciso colapsar o atual para começar o novo... Muito abstrato, né? (sei que você me acompanha!). NAMASTÊ pra você também!!!