Atualmente, nada bem, obrigada!
Mas, será que só atualmente?
Infelizmente, a Educação Brasileira sempre esteve em meio a muitos interesses políticos, econômicos e sociais, que não colocaram esta ciência como prioridade para o desenvolvimento da população.
Desde o Brasil Colônia é possível identificar como a educação, entre muitos outros problemas, conviveu com uma dualidade cruel: educação para a classe trabalhadora e educação para a elite.
Mesmo com a transição de um “Estado Antigo” para um “Estado Novo”, Fim da Ditadura Militar e “Redemocratização do país”, percebemos os problemas educacionais presentes na sociedade brasileira e a dualidade de uma educação para a classe trabalhadora e outra para a classe detentora dos bens de produção, tão atual como nunca.
Os brasileiros que lutam por uma educação democrática, laica, igualitária, mais justa e, emancipada, tiveram momentos de expressão e mobilização de vozes silenciadas durante um bom tempo, mas, apenas por um curto espaço de tempo. A “Redemocratização” do país que inicia em meados da década dos anos de 1980, logo é tomada por grandes mudanças, que deixam de ser apenas nacionais, para serem agora mundiais. A mundialização da sociedade passa a ser uma nova estratégia de um sistema político e econômico de acumulação de capital, a partir da década de 1990, uma sociedade que foi denominada por muitos como sociedade globalizada.
Realmente, as novas tecnologias nos colocaram e vêm nos colocando, cada vez mais, em contato com diversas culturas, conectados 24 horas por dia. Acesso a informações nunca foi tão fácil. Ir até uma biblioteca, pesquisar o livro nas caixinhas organizadas por bibliotecários e ir buscar o livro na estante para ter acesso ao conhecimento; comprar jornais pela manhã; e, assinar periódicos da área de interesse e/ou estudo, tornam-se coisas do passado (num curto espaço de tempo)!
A praticidade, o avanço da ciência por meio das inovações tecnológicas, a rapidez, enfim, contribuem muito para a vida dos terrestres. Mas, a democracia, a igualdade, a justiça e a emancipação, onde encaixaram-se mesmo? Estão presentes na Legislação Educacional Brasileira e encontramos com frequência nos documentos que expressam as políticas públicas educacionais brasileiras.
Interessante! Mas, quanta desigualdade social, quantas vozes silenciadas novamente por meio de controle, coerção e exclusão social, como maravilhosamente trata Foucault, quando observa algumas Instituições e identifica, por meio do discurso e da prática, a moldagem dos sujeitos. Essas Instituições podem ser várias: educacional, religiosa, terapêutica, judiciária, meios de comunicação e, atualmente, afirmo que, também as redes sociais.
Um exemplo? O acesso à Educação Básica e Superior, como aumentou, magnífico! Mas, qual acesso mesmo? Todos na escola, inclusão, cotas, financiamentos no ensino superior, entre outros. Todos com direito à educação e oportunidades igualitárias, justas? E o acesso ao ensino superior, ok? Não estou aqui aplicando nenhuma forma de julgamento com relação ao público e privado, mas estou discutindo a questão do acesso.
Cada dia mais pessoas ingressam no ensino superior! O avanço das tecnologias promovendo mais oportunidades e acesso, me deixa maravilhada! Mas, como anda este contexto? É justo? É emancipatório? Os alunos cotistas e bolsistas ingressam pela entrada da frente como todos os demais, ou pela entrada dos “fundos”? Quais os cursos estão escolhendo? Qual o retorno destes cursos no projeto de vida de cada indivíduo e no projeto coletivo, social?
Não tenho resposta para tudo, tenho hipóteses, mas que são minhas observações! Só deixo uma pergunta para que todos nós possamos pensar: O acesso, de uma forma ou de outra, tem avançado, porém, e a permanência destes alunos na Instituição Educacional (privada, pública, confessional, entre outras)? E a emancipação dos indivíduos após a conclusão do Ensino Superior? A retenção e evasão, como andam?
E, finalizando com Antônio Gramsci, “Somos conformistas de algum conformismo, somos sempre homens-massa ou homens- coletivos. (…) O problema é o seguinte: qual é o tipo histórico de conformismo e de homem-massa do qual fazemos parte? ”
Referências Bibliográficas
ADORNO, T. W. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1995.
MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2008.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 24. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
Parabéns Rô! O texto está muito bom e gostoso de ler!
Oi Diego! Obrigada! Que bom que está gostoso de ler! Beijos
Rô Bela reflexão! Gostei muito. Parabéns... o texto está realmente delicioso... coisas de Rosângela...
Olá Mariane! Obrigada!!!! Vindo de você, grande elogio! Beijos
Olá, me desculpe mas eu não entendi o que vc quis dizer. Tem alguma forma de educação que não vislumbre moldar o sujeito? Quero dizer educa-se uma pessoa mirando um modelo. Podemos discutir o tal modelo mas receio que é bem mais arriscado educar sem um. Abraços Rodrigo
Olá Rodrigo! Como vai? Não peça desculpas, este é um espaço para pensar, refletir, sem certo ou errado. Eu, particularmente, não gosto da palavra moldar. Prefiro dizer que toda forma de educar parte de uma intenção e, quando citei Gramsci, foi para reforçar este pensamento. Porém, depende de qual intenção, qual o indivíduo que se pretende formar. Se utilizarmos o "moldar" (e não gosto do moldar, pois penso na educação para formar cidadãos libertos, capazes de tomar suas decisões, escolher seus caminhos, porém de forma consciente), depende de como pretende fazer esta modelagem, para a emancipação do indivíduo e da sociedade ou para apenas, encaixar-se em um modelo social, econômico e produtivo imposto? Vamos conversando! Me deixa muito feliz, saber que estou provocando reflexões. Abraços.
Olá Rosangela, obrigado pela sua resposta. O que eu chamo de modelo é uma meta educativa. É mais ou menos consenso quando se fala de educação básica que temos uma janela em nossas vidas que vai dos 5* anos (quando para os psicanalistas "resolve-se" o complexo de édipo até os 13* anos quando hormônios surgem e bagunçam nossas vidas que temos uma janela ou fase de latência onde temos a oportunidade de introduzir a educação em uma criança. Perder esta janela é algo bastante grave e na opinião de muitos educadores algo irrecuperável salvo raríssimas exceções. Daí a necessidade de governos e sociedade protegerem o período infância dos abusos, do trabalho infantil, etc... A criança precisa de certas condições e de paz para ser educada (veja o que está acontecendo na Turquia onde atualmente famílias turcas recebem crianças refugiadas da Síria em suas casas e as transformam em escravas domésticas 7 dias por semana em troca de um prato de comida e um tapete para dormir. A sociedade e o governo local entendem que devem proteger a infância das crianças mas somente a das crianças turcas...) Voltando a história do modelo. Temos então esta janela de uns 8 anos para introduzir a educação na criança pois bem: Temos definido o que queremos que esta criança seja capaz de fazer daqui a 8 anos? Dou um exemplo: No modelo alemão está definido que esta criança deve ser capaz de compreender e expressar-se em uma segunda língua, no modelo americano esta exigência não está presente. O que estou defendendo é que se não temos um modelo corremos o risco alto de sermos irresponsáveis em um período de 8 anos com uma consequência quase sempre irreparável. * Esta idade não é fixa permite alguma variação mas não muita. Abraço e parabéns pela iniciativa