Antes de começarmos, vale usar aquele velho meme do Buzz Lightyear:
O segundo episódio da segunda temporada de Westworld tem o nome de Reunion. O termo é um falso cognato, pois quando traduzido para o português não gera a palavra “reunião”, aquele tipo corriqueiro de agrupamento com hora marcada para se discutir uma gama específica de assuntos, geralmente de trabalho, escola, condomínio, e por aí vai. O termo se refere ao reencontro de pessoas após um tempo mais ou menos longo de separação. Sabe aquele convite que você recebeu para comemorar os 10 anos de formatura do colégio ou da faculdade? Então, aquilo é o que podemos chamar de reunion. Este é o tema do episódio, e vamos encontrá-lo em vários momentos dessa parte da história.
Começamos com algo inédito em Westworld: uma visão do “mundo lá fora”. Em uma cena de mais de 30 anos antes dos acontecimentos atuais, vemos Arnold mostrando a cidade (qual cidade, não sabemos) para Dolores, que fica deslumbrada com as luzes: “Parece que as estrelas foram espalhadas pelo chão? Você já viu algo tão cheio de esplendor?” A frase é poética e seu semblante embevecido nos toca profundamente. Nos é mostrada a humanidade de Dolores, e como em todos os momentos ternos da anfitriã, nos enchemos de carinho e admiração por ela. Bem, pelo menos até que, algumas cenas mais tarde, ela repete literalmente as mesmas palavras, demonstrando friamente que não passa de um autômato, ainda longe de poder ser confundida com algo verdadeiramente vivo. Arnold conhece bem essas imperfeições, e em uma breve discussão com o Dr. Ford (de quem só ouvimos a voz), afirma que Dolores não está pronta, e que devem prosseguir com a outra anfitriã.
Um pouco mais tarde entenderemos o que esse diálogo quer dizer, mas é interessante perceber que o carinho de Arnold por Dolores ultrapassa os limites de um artesão por sua criação. Em todas as interações fica sutilmente delineado seu plano maior para com ela. Ele busca a consciência da anfitriã desde sempre. Ainda na mesma sequência, Arnold leva Dolores a uma caminhada, chegando até a construção do que será sua futura residência. Ele menciona sua esposa e seu filho, deixando claro que não tem interesses românticos para com Dolores, o que reforça ainda mais seu plano de liberdade dela e, quiçá, de todos os anfitriões. O deslumbramento sincero de Dolores faz com que Arnold a compare com seu filho Charlie, diferenciando-os dos demais, que perderam a capacidade de se deslumbrar com que é, de fato, simples e maravilhoso. Dolores, então dá outra mostra de sua sabedoria incipiente: “Talvez lhes falte coragem. A luz estranha e nova pode ser tão assustadora quanto a escuridão.”
A frase é a metáfora perfeita para o que se passa com vários dos anfitriões e mesmo com vários dos humanos envolvidos nos conflitos presentes. Ganhar a consciência é tomar a pílula vermelha, para usar a imagem de Matrix. As palavras de Morpheus naquela cena clássica “Lembre-se eu ofereço apenas a verdade, nada mais” são um complemento perfeito para a frase de Dolores. Teddy — representando todos os anfitriões que acordam sem a condução gentil e carinhosa de Arnold — se assusta com essa luz ao encarar sua realidade, os grilhões que o prendem, o propósito frívolo de seu mundo inteiro. Do lado dos humanos, a luz vem sob a forma do sangue, que os anfitriões não se acanham de arrancar a cada encontro. Luzes assustadoras para todos os lados que qualquer um olhe.
Vemos um pouco mais do desenrolar dessa metáfora na cena seguinte, quando o investidor libertado por Angela no primeiro episódio aparece em uma área de recolhimento dos anfitriões desabilitados pelos humanos, durante suas aventuras “divertidas” por Westworld. Ele tenta avisar um empregado e um segurança acerca da rebelião dos anfitriões, mas é tarde. Entram Dolores, Angela e dois asseclas de Wyatt, para uma demonstração a Teddy do que é, de fato, o mundo deles. “Eu costumava ver a beleza desse mundo. E agora eu vejo a verdade.” Dolores enfrenta o investidor, que só falta urinar de medo. Ele tenta uma bravata dizendo que ela não sabe o que a espera no mundo lá fora. Enquanto Dolores responde que sabe exatamente o que a espera, passa a mão no rosto do investidor, coberto de suor, em mais um paralelo com Matrix: ela olha para os dedos com desprezo, da mesma forma que o agente Smith olha para seus dedos ao passar a mão no suor de Morpheus quando este está preso, sendo usado como isca. O monólogo do agente Smith naquela cena, também clássica, traduz tudo o que vemos na atitude de Dolores: “Eu não suporto mais. É o cheiro. Se é que isso existe. Eu me sinto impregnado dele. Eu sinto o gosto do seu fedor. E toda vez que sinto, fico achando que fui infectado por ele. É repulsivo.”
Na cena seguinte reencontramos, mais de 30 anos antes, Logan sendo abordado por dois representantes da Iniciativa Argos, a empresa de Ford e Arnold, com uma proposição de negócios que sabemos levará ao envolvimento da Delos com Westworld. Incidentalmente, o uso de “Iniciativa” no nome da empresa nos remete imediatamente a LOST, com sua Iniciativa Dharma e suas tentativas de estudar e controlar a ilha, mas como J. J. Abrams é produtor das duas séries, esse tipo de conexão é de se esperar. Surpreendente é a presença de Zahn McClarnon, no papel de Akecheta, acompanhado de Angela, ambos propondo uma demonstração a Logan. McClarnon fez o papel do delegado Mathias, responsável pela lei e ordem na reserva indígena no seriado Longmire, é creditado em pelo menos mais três episódios de Westworld. McClarnon é de origem indígena e irlandesa, e um excelente ator. Sua presença indica que a Ghost Nation ainda tem um papel importante à frente na série.
Logan insiste em uma demonstração privada, ao que Akecheta e Angela respondem que aquela festa é, de fato, uma demonstração privada. Se ainda estivéssemos na primeira temporada, ficaríamos surpresos quando descobrimos que todos os presentes, a menos de Logan, são anfitriões. O fato “explode a cabeça” de Logan, como só era de se esperar. Vale aqui observar que ao entrarmos no cenário preparado para a demonstração, ouvimos Clementine ao piano, executando uma bela versão de “The Man I love”, de George e ira Gershwin. A música é um standard do jazz, e por si só não se destacaria. Mas o fato de que vamos encontrá-la mais à frente no mesmo episódio é notável e deve ter algum significado no futuro.
Lawrence e o Homem de Preto (é impossível chama-lo de William quando convivemos com as duas linhas do tempo) se reencontram. Lawrence está sendo executado por três rancheiros, após ter sido capturado tentando roubar-lhes os cavalos. A cena é cômica, com o ladrão preso de cabeça para baixo sobre um formigueiro e os rancheiros apostando em como ele será devorado pelas formigas. O Homem de Preto o livra da enrascada, mas não sem antes ter que matar o mesmo rancheiro duas vezes “A morte não é o que costumava ser”, diz o Homem de Preto diante da confusão de Lawrence. Esta dupla, ao que parece, fará o contraponto à dupla Maeve/Sizemore: companheiros estranhos unidos por força das circunstâncias.
Lawrence e o Homem de Preto se dirigem a um bar no meio do nada, onde uma cena no mínimo interessante se desenrola. O Homem de Preto “trapaceia”, buscando uma caixa de primeiros socorros em uma parede falsa no bar. Vemos o ferimento em seu braço, de relance, mas não o vemos se medicando. Ouvimos, porém o barulho de um aparelho que soa semelhante ao aparelho que cura os ferimentos nos anfitriões. Não sabemos nada acerca da tecnologia médica de 30 anos no futuro no universo de Westworld, mas é razoável imaginar algum aparato que recupera e cicatriza os tecidos feridos. Contudo estou certo de que este pequeno detalhe vai dar origem a uma enorme quantidade de teorias de que o Homem de Preto é um anfitrião que desconhece sua origem, assim como Bernard desconhecia sua própria. Seria interessante, claro, mas por enquanto vai contra todo o arco sendo montado pelos autores da série. A ver.
Mais interessante ainda é a conversa do Homem de Preto com Lawrence, em que é revelado um detalhe importantíssimo, a ser explorado mais a fundo em outros momentos do episódio. Westworld é um local que foi criado para que os frequentadores pudessem “pecar em paz”, isto é, onde seu comportamento não teria consequências e não seria observado. Ao invés disso, afirma o Homem de Preto, todos estavam sendo observados e tendo suas ações catalogadas, supostamente pelos donos do parque.
Na cena seguinte vemos um flashbackexplorando exatamente esse ponto. Nos reencontramos com William, trinta anos antes, apresentando o parque a Jim Delos, pai de Logan e sogro do próprio William. O velho magnata não está satisfeito com o investimento do filho, nem interessado no futuro do parque ou na fantasia que ele representa. William então apresenta um plano de negócios no mínimo inusitado. Sim, de fato tudo no parque é uma fantasia, a menos de uma coisa: os clientes. Metade do orçamento de marketing da Delos é investido em descobrir o que as pessoas querem, porque elas mesmas não sabem. Mas no parque, diz William, elas são livres e acham que ninguém as observa, porque pagaram um valor muito alto por uma diversão privativa. William afirma que aí se encontra uma oportunidade de negócios, e Delos concorda.
Aqui temos duas possibilidades, uma péssima e uma horrível. Por um lado, William pode estar se referindo à coleta de informações pessoais com vistas a influenciar os clientes no mundo lá fora, à guisa do que fez a empresa Cambridge Analytica com os dados coletados de usuários do Facebook. A decisão da eleição para a presidência dos EUA, muitos são os que afirmam, foi pesadamente influenciada por esse mecanismo. Por outro lado, a “oportunidade” pode ser mais ostensiva: coletar informações vexatórias dos clientes e simplesmente os chantagear, como supostamente fazem algumas seitas religiosas menos ortodoxas. Estou apostando nessa segunda opção, até porque o próprio episódio encaminhará o assunto nessa direção.
Corta para o presente, com Dolores e seu séquito enviando o tenente Dunleavy, um “confederado” ressuscitado para que encontre seu bando. Enquanto esperam, o reencontro mais significativo da noite: Maeve, Hector e Sizemore Chegam ao grupo de Dolores. A conversa é breve, mas deixa claro que as duas líderes se encontram em pontos bem distantes nas questões em disputa no parque, no momento. Dolores —em seu papel de Valquíria — tenta coagir Maeve a se juntar à sua luta, inclusive apelando para a necessidade de vingança de Maeve, que sempre foi submetida a horrores impensáveis nas mãos dos humanos. Maeve — em seu papel de Atena — afirma: “Vingança? É apenas mais uma oração no altar deles, querida. E faz tempo que não estou mais de joelhos.” A frase é forte, e mostra que Maeve está mais liberta do que Dolores, nesse momento, uma vez que não quer mais nada com o parque. Nem vestida a caráter a ex-cafetina está. Em seguida, talvez por ter colocado Dolores em uma sinuca lógica, talvez por ter exercido seus poderes sobre os demais anfitriões, ela consegue passagem e o reencontro termina.
Dolores segue viagem até os confederados, e por meio de uma rápida morte-e-ressureição os convence a segui-la. É interessante observar que a morte e ressureição dos confederados se dá em volta de uma mesa de jantar que nos remete diretamente à Última Ceia, de Leonardo da Vinci, com o capitão dos confederados e seus soldados sentados de um mesmo lado da mesa, incluindo Dunleavy, que já foi revivido uma vez. Às vezes os roteiristas de Westworld não são nada sutis.
Dolores e seus novos e antigos acompanhantes se dirigem, então, para “Glory”, que inicialmente acreditamos ser um lugar. Trata-se do mesmo lugar, aliás, para o qual se dirigem o Homem de Preto e Lawrence, como veremos mais à frente.
Por enquanto, corta para a festa de aposentadoria de Jim Delos, em uma bela propriedade à beira mar, trinta anos antes. Ao piano, Dolores, vestida de branco executa a Sonata no 2 para piano, em Si Bemol Menor, de Frederic Chopin. Pela parte sendo executada por Dolores não é possível saber (a menos que você conheça a peça), mas se trata da Marcha Fúnebre. Sim, aquela mesma. Vemos Emily, a filha de William conversando brevemente com Dolores, e rapidamente ser chamada pela mãe. Quando William se aproxima de Dolores, é interceptado por Jim Delos, que está visivelmente doente, e o reencontro de William e Dolores fica adiado. A Marcha Fúnebre faz todo sentido nesse contexto, tanto que Delos pede à anfitriã que toque “tudo menos a porra do Chopin”. Dolores inicia, então, “The Man I Love”, que Clementine já havia executado na demonstração para Logan. Difícil entender o contexto global dessa música, ainda que na festa possa fazer referência ao romance recém-terminado entre William e Dolores, no parque. Mas fica no ar se há algo maior planejado ao longo da temporada. A ver.
Na sequência da festa, já à noite, vemos mais uma reunião, dessa vez entre Logan — após se injetar com alguma substância em seu braço — e Dolores, ainda repetindo a frase sobre o esplendor das luzes. Logan sabe que a visita da anfitriã não é espontânea, creditando-a ao senso de humor “barroco” de William. É importante observar que este momento é posterior à aventura de ambos em Westworld, inclusive à derrota humilhante de Logan para William, e ao desencanto de William com o parque e com Dolores. Este William já está bem mais próximo ao Homem de Preto do que ao jovem idealista e romântico que pisou pela primeira vez em Westworld. A frase misteriosa do Dr. Ford infantil do primeiro episódio, “O jogo começa onde você termina e termina onde você começou”, talvez diga respeito a William deixar a persona cínica e violenta do Homem de Preto e retornar ao seu idealismo inicial. De novo: a ver.
Logan comenta que a festa marca nada menos que o início do fim da Humanidade, e somos remetidos aos planos de William e Jim Delos em sua visita ao parque. Seja lá o que eles planejaram e puseram em ação está aterrorizando Logan.
Corta para o Homem de Preto e Lawrence chegando ao vilarejo de Pariah, onde El Lazo e seu bando dominam a cena. El Lazo era o papel anterior de Lawrence, e quem se apresenta no papel do revolucionário é Giancarlo Esposito, que na série Breaking Bad interpretava o traficante Gus Fring. O Homem de Preto tenta cooptar o bando para levá-lo ao seu objetivo, mas quem responde é o Dr. Ford, pela boca de El Lazo: “O jogo foi feito para você, Robert, mas você deve jogá-lo sozinho”. Todos os homens de El Lazo, então, apontam as armas para as próprias cabeças e se suicidam em conjunto. O próprio El Lazo usa a arma do Homem de Preto para se matar. Descobrimos, por fim, que o Homem de Preto quer ir para o que Lawrence chama de “o local do julgamento”, e que esse lugar (se é que é um lugar) foi construído não pelo Dr. Ford, mas pelo próprio Homem de Preto. Ao fim da cena, o Homem de Preto ainda declara que esse tal lugar foi seu maior erro.
Corta para a verdadeira reunião a que o título do episódio se refere, de William com Dolores, nua, sendo acordada para uma conversa particular. A conversa remete não aos diálogos de Dolores com Arnold, mas sim das interações do Dr. Ford com os anfitriões, em que o idealizador de Westworld sempre se põe em uma posição de superioridade. Em seu monólogo (Dolores não abre a boca durante toda a cena e na cena seguinte), William explica que se “curou’ do amor pela anfitriã porque se descobriu. Dolores, diretamente, e o parque, por consequência, foram importantes para ele porque por meio de ambos pudesse se descobrir, e ele sabe que o mesmo ocorrerá com todos os visitantes do parque. Ao fim da interação, William diz que há mais em Westworld do que isso. “Acho que tem uma resposta aqui para uma pergunta que ninguém nem sonhou em fazer.” Esta questão parece ser absolutamente central a toda a segunda temporada, talvez um complemento fundamental para o jogo que o Dr. Ford criou para o próprio William. Ele, então, convida Dolores para ver essa tal resposta, e na cena seguinte (em que Dolores continua muda), mostra a ela uma construção no parque. Ficamos assim, com vontade de mais, mas obviamente que vai ficar para algum episódio lá na frente.
O episódio termina com Dolores, Teddy e os confederados chegando à fortaleza do Coronel Brigham, a quem os confederados servem. Dolores revela, ao fim do episódio, que Glory — para onde eles se dirigirão, aquilo que William lhe mostrou trinta anos antes — não é um lugar, mas sim uma arma que, aliás, ela pretende usar.
Música da semana na pianola: Não tivemos nada na pianola nessa semana, mas tivemos a versão de Ramin Djawadi (diretor musical da série) de “Runaway”, de Kanye West, que já havia sido usada no trailer da segunda temporada. É tocada como introdução à cena em que Logan tem sua demonstração, e é uma sugestão: corra para bem longe, que aliás, é prontamente ignorada por ele e por todos os envolvidos com o parque, até que seja tarde demais.
Teoria descartável da semana: Lawrence, nesse momento, tem a consciência de Ford, e está secretamente dirigindo os passos do Homem de Preto e controlando o ambiente e os anfitriões que ambos encontram.
Esse foi um episódio bem diferente. Na primeira vez que o vi achei estranho, mas na segunda consegui gostar mais. Se a gente viajava no tempo entre as timelines da primeira temporada em eventos que se distanciavam em 30 anos, agora tudo ficou mais complexo. Estamos vendo coisas desde a criação dos androides, primeiro contato com a Delos, o período após Willian sair do parque e a Delos comprar as ações de WestWorld, os eventos imediatos após a morte de Ford e pelo menos duas semanas após eles. Além disso, temos aquele prólogo do S02e01 que pode ser Arnold e Dolores no passado ou no futuro, após inclusive as 2 semanas, que é o meu palpite. Isso tudo é confuso, mas é algo que fico tentando encaixar em minha cabeça e que eu realmente gosto. Isto enriquece muito a história, traz novas perspectivas e novas perguntas para ficarmos teorizando e me faz viciar mais e mais nesta série. Esse episódio ressaltou a tendência bíblica desta temporada. Temos a cena dos confederados que remonta à Santa Ceia, o diálogo sobre deuses falado pela própria Dolores nesta cena e mesmo essa ideia de “guiar” os androids para a “salvação”, que por sinal, se chama “Glory”. E temos a inundação, o dilúvio, no episódio s02e01. Se lembrarmos sobre a Nação Fantasma na temporada anterior, eles também falavam sobre deuses. Então eu acho que eles devem retornar nessa temporada, até porque parecia que eles tinham uma percepção da realidade que outros androides não tinham. Muita coisa não está clara, como o propósito que a Delos tem com as informações. Mas o que eu gosto mesmo é de ver como esta série é fechada e planejada, parecendo que tudo estava pensado desde antes. Mesmo a Delos tendo explorado as informações da conduta dos visitantes, que são pessoas ricas e importantes, toda a informação ficou retida em WestWorld. Charlotte tinha a missão de levar isso para fora, mas, por algum motivo o Albernathy “Pacote” não saiu do parque. O que aconteceu com ele? Então esse plano da Delos por trás das informações estava guardadinho para ser usado. Acho que o desenvolvimento da série está planejado que devemos ter poucos buracos ou falhas de roteiro com o passar das temporadas, diferentemente do que ocorre, por exemplo, com Game Of Thrones. Mesmo tendo sido aleatória esta conexão com os eventos do Facebook, é interessante como o assunto se mostra totalmente contemporâneo. E isto é muito atraente em uma série, algo muito similar também com o que acontece com Handmaid’s Tale. Enfim! Queria apenas dizer que gosto muito de Westworld e que muito gosto das análises de vocês que sempre são ricas e trazem muitas referências externas. Eu gostei muito do que você comentou sobre o jogo começar quando Willian deixou de ser ele mesmo (ser Preto) e terminar quando ele voltar a ser como antes (Branco). Isso para mim faz muito sentido! Até porque se notarmos, a abertura, ressalta muito a questão do chapéu. A abertura anterior era “branca”, mas nessa os tons escuros aumentaram, e o próprio androide mostrado no final esta imerso em um líquido preto. Willian usa um chapéu, sabemos que o jogo The Door é para ele, então todo esse raciocínio que você expôs na análise faz sentido para mim! Ainda ficam as perguntas sobre o que aconteceu com a Elsie, como Stubbs escapou da Nação Fantasma, o que levou ao “Dilúvio”, o que seria a “arma” que Willian criou e para qual o propósito do jogo “The Door” para William. Parabéns! Abraços!
Wow, Renan! Muito obrigado pelo comentário tão detalhado e tão bem pensado. pelo visto você também é um grande fã da série. Sensacional a conexão bíblica do dilúvio. Eu fico tentando me segurar para não trazer tudo para a Bíblia (William/MIB como anjo caído, Ford como deus nas palavras da própria Dolores, a expulsão do paraíso que está em curso e tantos outros momentos nas duas temporadas). A Bíblia é ubíqua em enredos ocidentais, e Westworld não é exceção. Quando à cena inicial do primeiro episódio dessa temporada, como eu coloquei na resenha daquele episódio, estou apostando que é o Bernard com a voz de sua mente bicameral, ainda não colapsada, em um processo que vimos acontecer com a Dolores na temporada passada. Quanto à arma (Glory), penso que seja o aparato criado por William (com a bênção de Jim Delos) para coletar informações dos clientes. Trinta anos de coleta de informações de milionários do mundo todo são suficientes para destruir a Civilização, penso. Isso para Dolores. Para o MIB, talvez seja o botão de auto-destruição do parque. Mas, como eu sempre digo: a ver. Semana que vem tem mais!
Então, eu acho que aquela cena é o Bernard na mente Bicameral com Dolores sendo a metáfora da consciência dele. Dolores ouve ela mesma na mente bicameral pq a própria Dolores é a "consciência". Então ou aquilo é a consciência do Bernard na forma de Dolores. Mas se for isso eu me perguntou.... Maeve ouve a Dolores também? Porque uma ideia seria cada android ouvir a si mesmo na mente bicameral. Só faz sentido se a "consciência" foi planejada para ser a Dolores, ou seja, a Dolores sempre é o centro do labirinto que cada androide deveria alcançar. Agora eu fiquei um pouco confuso. Se não for isso, de qualquer forma, acredito que o diálogo seja Dolores e Bernard no futuro e que aquilo não seja um flashback. É interessante que tanto Dolores quanto MiB querem ir para o Valley Byond mas com propósitos diferentes. Dolores quer chegar lá porque lá há algo capaz de destruir a humanidade, enquanto que o MiB quer para destruir o lugar. Dolores quer manter o parque, pois é o seu mundo. Então ao mesmo tempo que eles concordam em parte eles discordam, então deve haver um embate entre eles. Eu não sei se simplesmente seriam "informações" que teria em Glory, pois penso que isto poderia estar talvez no Albernathy, mas também não tenho ideia do que pode ser aquilo. Certo é que é algo grandioso, pois havia as máquinas lá. Talvez algum centro onde algo fosse produzido ou armazenado e isso tem a ver com a Delos, não necessariamente com o Ford. Pois é, vamos esperar para semana que vem!
Parabéns! Suas análises são incríveis! Já me acostumei a só começar um novo episódio após ler seu comentário. Parabéns, mais uma vez e, por favor, continue nos presenteando com seu conteúdo!