O mundo não para por causa do nosso sentimento. O sol continua brilhando, a lua permanece emitindo o mesmo clarão, as estrelas ainda estão no firmamento. Os pássaros insistem em rasgar o céu, as flores não deixam de desabrochar, o lobo sai à caça, as formigas não param seu trabalho de guardar no verão para comer no inverno. O chefe de família continua trabalhando como louco para manter a casa, a mulher ainda faz mil coisas ao mesmo tempo, o jovem permanece lutando para ser alguém na vida. Nosso planeta não muda em nada sua órbita, e continua girando sistema solar afora. Por mais que não consigamos enxergar, se estamos chorando ou sorrindo, as coisas que regem o todo continuam seu curso como se não existíssemos, como se a dor ou felicidade que sentimos não fizesse absolutamente nenhuma diferença no universo. E realmente não faz.
Perante o todo, somos nada. Perante a existência magnífica do universo, somos absolutamente nada, e esse é um contexto muito difícil de entender. É difícil para nós, seres humanos, entendermos que passaremos, e dentro de pouco tempo, pouquíssimos nomes serão lembrados. Quantas gerações já terão passado daqui a seis mil anos? Não sabemos nem mesmo se o homem ainda estará nesse pontinho azul que fica nas bandas da Via Láctea. Não sabemos de nada, e não somos nada. Nosso estado de espírito, embora pareça tão importante, e talvez pareça o centro de tudo, não passa de pó, de insignificância. A dor que já rasgou seu peito simplesmente passará, assim como a alegria, e a tristeza. Isso mesmo: passará, e daqui a cem anos, esse turbilhão que te assolou simplesmente será como se não tivesse existido. Toda onda que te levou do céu ao inferno (ou ao contrário), não significará nada perante as gerações posteriores.
Por mais que se estude, e se pesquise, e que nos enfademos com conhecimento, técnicas, previsões e estatísticas, no final continuamos irrelevantes perante a magnificência do cosmos. E se compreendermos de uma vez por todas esta verdade, tudo fica mais leve. O entendimento da nossa irrelevância é a mão que pode nos tirar toneladas e toneladas de culpa e cobranças que não levam a nada. A pressão por sermos alguém de destaque, de extrema relevância e de suma importância, seja na vida amorosa, seja na vida profissional, cai por terra, e nos dá espaço para vivermos o agora com as pessoas que estão verdadeiramente ao nosso lado. Não queira ter parte deste belo cosmos que está sobre nossas cabeças: ele não foi feito para ter proprietário. Coloquemo-nos em nossos devidos lugares como seres pequenos, e que mesmo tão pequenos, ainda podem desfrutar de algo que em beleza não fica muito longe do universo: o amor, aquele negócio infinito que até hoje ninguém conseguiu explicar direito.
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