[…] Nada mais natural, portanto, que a história do Justiceiro fosse repaginada na série para o fim de um conflito recente – a guerra contra o jihadismo no Iraque e no Afeganistão. Enquanto as demais séries da Marvel estão alinhadas com uma postura mais positiva de seus protagonistas, a lógica das tramas de Castle é básica, mas contundente: uma lei de Talião adequada aos tempos atuais. A partir desse princípio, os roteiristas da atual produção dão moldes novos a Castle e reconfiguram as tramas dos quadrinhos para a atualidade. O Justiceiro continua um ex-fuzileiro, mas agora membro de um esquadrão da morte, associado às operações secretas do governo americano em solo estrangeiro. O argumento da Máfia e da delinquência nas ruas – já bem datado – é eliminado no primeiro episódio, com a rápida execução de mafiosos e assaltantes de ocasião sem armas por Castle. Assim, desfazendo-se da história de fundo que movia o personagem nas HQs, os roteiristas permitem a série ter uma nova perspectiva sobre problemas bem atuais: a relação permissiva entre política, mercado e crime; a invasão de privacidade derivada do uso das novas tecnologias de informação e comunicação por governos e grupos de interesse; a problemática da psicose dos veteranos que, em última instância, tem derivado nos massacres e atentados terroristas, a liberalização no controle de armas nos E.U.A. e em outros lugares do mundo (o que foi muito bem discutido pelo texto do confrade Ruy, Balela perigosa, na ocasião do massacre do cassino Mandalay Bay, em Las Vegas). As drogas como elemento corruptor da família se tornam um motivo periférico, em detrimento do lobby político, da quebra de direitos dos cidadãos promovida pelo próprio governo e da virtualização do cotidiano. Palmas para a série Black Mirror que nos conscientizou a respeito dos impasses advindos das tecnologias de informação e comunicação, o que foi devidamente tratada por nossos cronistas marcianos. […]
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[…] Nada mais natural, portanto, que a história do Justiceiro fosse repaginada na série para o fim de um conflito recente – a guerra contra o jihadismo no Iraque e no Afeganistão. Enquanto as demais séries da Marvel estão alinhadas com uma postura mais positiva de seus protagonistas, a lógica das tramas de Castle é básica, mas contundente: uma lei de Talião adequada aos tempos atuais. A partir desse princípio, os roteiristas da atual produção dão moldes novos a Castle e reconfiguram as tramas dos quadrinhos para a atualidade. O Justiceiro continua um ex-fuzileiro, mas agora membro de um esquadrão da morte, associado às operações secretas do governo americano em solo estrangeiro. O argumento da Máfia e da delinquência nas ruas – já bem datado – é eliminado no primeiro episódio, com a rápida execução de mafiosos e assaltantes de ocasião sem armas por Castle. Assim, desfazendo-se da história de fundo que movia o personagem nas HQs, os roteiristas permitem a série ter uma nova perspectiva sobre problemas bem atuais: a relação permissiva entre política, mercado e crime; a invasão de privacidade derivada do uso das novas tecnologias de informação e comunicação por governos e grupos de interesse; a problemática da psicose dos veteranos que, em última instância, tem derivado nos massacres e atentados terroristas, a liberalização no controle de armas nos E.U.A. e em outros lugares do mundo (o que foi muito bem discutido pelo texto do confrade Ruy, Balela perigosa, na ocasião do massacre do cassino Mandalay Bay, em Las Vegas). As drogas como elemento corruptor da família se tornam um motivo periférico, em detrimento do lobby político, da quebra de direitos dos cidadãos promovida pelo próprio governo e da virtualização do cotidiano. Palmas para a série Black Mirror que nos conscientizou a respeito dos impasses advindos das tecnologias de informação e comunicação, o que foi devidamente tratada por nossos cronistas marcianos. […]