O tempo esquenta, pede banho de mar e picolé de limão. O tempo esfria, pede um café e bolo de fubá com erva doce. Tudo é bom e agradável pelo que vem. Assim como o tempo, talvez aconteça com as vidas, os dias, as pessoas, os sentimentos e com os não acontecimentos também.
O que se faz daquilo que acontece, como escolha, talvez seja o caminho mais intenso da manutenção de uma felicidade interna genuína e, por vezes, tão corriqueira. Aprender que a iluminação de cada ser acontece justamente dentro do perfeito do imperfeito é optar por uma serenidade insana, como que por descuido do acaso em simplificar tanto o que seres humanos insistem em dramatizar.
O drama vem muito da falta dessa serenidade. Um padrão tão comum, sutil e ao mesmo tempo tão diabólico e devastador. Digno de um roteiro muito bem montado pelo inconsciente e subconsciente, o drama traz a sensação de beco sem saída, com vítimas a serem salvas pela atenção negativa dos demais. Uns mais, outros menos, uns quase nada, mas todos já fizeram fazem tal teatro para obter, desesperadamente, a atenção que não se permitem dar a si mesmos. Há quem ainda faça isso de forma consciente, o que talvez seja o mais grave por ignorância mesmo. Generosamente outros tantos inconscientes, dramáticos na mesma medida, correspondem, choram lágrimas de sangue e entregam sua energia vital para a engrenagem de tal padrão. Tudo absolutamente inexistente, um holograma de horrores que só pode ser desligado pelo botão interno da paz que habita dentro de cada um. Uns desligam rapidamente, assim que descobrem. Outros fingem que não descobriram ainda. Outros tantos passam a vida sem nem conseguir se dar conta que transformaram suas existências num holograma digno de parque de diversões em noite de terror. Não importa.
A forma crua com que o amor real, sem qualquer romantismo, nos apresenta o outro é proporcionalmente igual à forma como vemos a nós mesmos. Amorosamente ou não, julgando ou não, concordando ou não, tendo sintonia ou não, a questão é que o outro nunca será o foco. Cada ser que descobre ser o centro da própria vida acende em si mesmo a chama viva da esperança de um novo mundo. A luz que pode iluminar a si mesmo, e servir de guia para tantos outros, pode ser a mesma que a cegar aqueles que não estão preparados para recebê-la. Talvez por isso a máxima de apenas ser e deixar fluir o que tiver de ser, faça tanto sentido.
Autoconhecimento, crescimento, aprendizado, luz e amor são opções apresentadas igualmente a qualquer ser, qualquer um. Não se força, não se implora, não se faz pelo outro. A lei inigualável do livre arbítrio pode ser a plenitude ou a total escassez. Talvez haja uma vocação toda revestida de vontade boa, onde se encontre a maioria das respostas que não se pode ver. Não saber se amor é vocação, benção, escolha, refúgio ou droga, talvez seja a confusão daqueles que ensaiam diariamente um novo drama. Há que se tirar a venda para ver, há que ter olhos para ver.
A vida está aí para todos. O amor se apresenta como cura por todos os meios e tempos. Somente os que querem, entretanto, terão a abundância como fonte de suas escolhas, de suas entregas e de suas almas. Para esses, o drama se esvai. A sombra também se esvai ou se recolhe. A vida acolhe, sorri, embala para ninar um sono desperto de alegria. Para os demais, que seja o que escolheram. E que um dia possam ter um entendimento de paz a respeito das consequências sentidas na pele, derramadas pelas águas que saltam dos olhos, como fontes inevitáveis de exaustão.
Desejo novas consciências de paz e felicidade, afinal, sempre é tempo de amar por vocação.
É isso e é só.
Oi. "consequências sentidas na pele, derramadas pelas águas que saltam dos olhos, como fontes inevitáveis de exaustão." Eita, não são boas frases, mas já me senti assim, então, talvez, sejam boas frases, aliás, necessárias. Paz para entendimento do "perfeito do imperfeito". Obrigado, querida.
Olá, Jaylei! Obrigada eu pelas lindas palavras. Grande abraço!