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Homepage > Categorias > Crônica > "Bird Box": uma interpretação
03/01/2019  |  By Daniela Vitor In Crônica, Uncategorized

“Bird Box”: uma interpretação

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Por curiosidade, e sem grandes expectativas, resolvi assistir ao filme Bird Box. Quando começou o vai e volta do tempo cronológico, achei que não teria paciência para continuar. Acontece que sou mais curiosa que impaciente e ficaria irritada de não saber onde aquele enredo estranho daria. E esse filme me tocou muito.

Se você ainda não assistiu, sugiro que pare a leitura aqui, assista e volte. Ou leia, mas não reclame de assistir ao filme já com uma interpretação na cabeça. Caso você tenha assistido e não tenha gostado, tudo bem também. E claro que existem filmes melhores, filmes piores, não estou aqui para julgar isso. Gostei muito e escrever a respeito foi inevitável.

Basicamente, o filme apresenta uma epidemia de suicídio coletivo. Existe uma presença que mata a quem a olhar. Por isso, no começo achei que serei algo bem raso e chato. Adoro quando estou equivocada e me surpreendo. O filme vai se desenvolvendo de uma maneira tão instigante, num suspense que parece tão sem nexo, que me fez assistir tudo para tentar entender.

A tal presença representa nossos medos mais profundos, neuras, crenças limitantes, tudo aquilo que nos aprisiona e atormenta de alguma forma e que está dentro de nós, nossas sombras. Sabemos que existe, fato. Se lutarmos contra isso, mesmo que de forma muito inteligente, sobrevivemos apenas, ou seja, vivemos como as pessoas com as vendas. Vivos, mas sem sossego, sem paz, sem muita perspectiva de grandes mudanças. Numa rotina pesada, desgastante, de luta e fuga constante.

Quando não aceitamos nossas sombras, o desgaste se torna inevitável. As mesmas coisas se repetem, como se estivéssemos dentro de um pesadelo. E estamos, pois nós mesmos criamos esse pesadelo. Acontece que aprendemos a lidar com essa forma de sobrevivência de uma forma tão intensa, que parece que não há nada além disso, que a vida se resume a isso. Está criada a famosa zona de conforto. Por mais que se queira algo diferente daquilo e se lute muito para conseguir, andar em círculos se torna muito comum. Normalmente, isso acontece quando nossos olhos estão voltados para a matéria de uma forma exacerbada. Vivemos na matéria, obviamente é preciso saber viver nela, mas quando isso se torna obsessivo, esquecemos que o mais importante é o olhar para dentro de nós e que é justamente isso que define o que vai fora ou a forma como encaramos o que vai fora.

A jornada das pessoas vendadas para sobreviver e até mesmo para chegar a um lugar onde essas vendas não seriam necessárias, representa justamente essa caminhada para sair da zona de conforto, marcada por idas e voltas, altos e baixos, um conseguir avançar e voltar quinze casas. O que vai acontecendo com os personagens ao longo dessa jornada, e de todo o filme, representa a responsabilidade que temos por nossas escolhas, ação e consequência.

Os que enxergam a presença, gostam e resolvem viver apenas nela, bem como levar outras pessoas para o mesmo caminho, chegando inclusive a matar por isso, representa uma forma de desistir de viver plenamente e se entregar totalmente ao negativo apenas. Ou ainda, uma forma de entendimento que diz que isso seria viver plenamente.

Os cegos representam as pessoas que vivem a partir do olhar do lado de dentro e, com isso, conseguem entrar em contato consigo mesmo, mergulhar no autoconhecimento e ter clareza de suas habilidades e dons, e é exatamente isso que os protege. Vivem num local apenas, pequeno, distante dos demais, mas realmente desfrutam de viver e, principalmente, em sintonia com a natureza. Representa o estado interno de paz, equilíbrio, de forma integrada e pacífica consigo mesmo, lidando com sabedoria com o mundo externo.

Os pássaros representam nossa relação com a natureza, de forma mais ampla, ou seja, com a nossa própria natureza, essência, nossa intuição de forma mais intensa, pois é a bússola que nos avisa de qualquer perigo e nos leva a um local seguro. Seria a representação de nossa intuição, o fato de sermos mestres de nós mesmos.

Concluindo, cada ser tem um tipo, um ritmo, um caminho de evolução. Os cegos para os valores materiais, mostram o despertar para os valores de sua própria essência. O que os torna um pouco mais sábios para lidarem com a vivência na matéria, além de mostradores de caminho aos demais. Esses aceitaram e integraram suas sombras.

Os que usam a venda e buscam se salvar representam a busca, ser guerreiros de si mesmos, que arduamente lidam com suas sombras para aprender a aceitá-las e integra-las, sem se deixar ser dominado por elas.

Os que buscam, mas acabam por olhar a presença, mesmo sem querer, e morrem, representam a falta de controle a respeito de acontecimentos externos ou a escolha em se entregar a isso, o que talvez apenas fizesse parte do caminho de evolução e missão.

Os que se encantam com a presença, enlouquecem e querem fazer outros olharem e até matam por isso, representam a entrega às sombras e agem somente de acordo com elas.

Feitas as analogias, provindas únicas e exclusivamente do meu cabeção (sim, somos livres para interpretar o que quisermos, da forma como quisermos), vou dizer o insight que mais me surpreendeu e emocionou: todos nós somos todos esses tipos de pessoas ao longo de nossa evolução pessoal. Chocado?! Acho que nem tanto, né?

Todos passamos por todas essas fases, uns mais outros menos, alguns saem de uma fase e não voltam mais, outros chegam na fase dos cegos e depois voltam para as vendas nos olhos, não importa! O que importa mesmo é o entendimento a respeito da árdua missão que temos aqui, nesse planeta, que é a de evoluir. A gente vai, volta, aprende uma coisa e fica em paz, depois parece que desaprende, aprende de novo e de outra forma, sente paz, entra em conflito, se perde, se acha, se perde novo. É isso, é a vida! E se todos somos todos os personagens, mas em momentos distintos de evolução, cada qual em seu caminho, trago a compaixão e o respeito como combustível dessa jornada, por mim mesma e pelos outros. E a partir disso, a mensagem que grudou no meu coração é que preciso apenas seguir, sentindo e fluindo, sempre mais que entendendo. Sendo uma pessoa melhor a cada dia, dentro do meu ritmo, do meu entendimento, da minha consciência. E, principalmente, respeitar que o outro também passa pelo mesmo processo. Não importa quem está aonde, importa que todos somos Um.

Ah, mas essa conclusão é muito absurda! Pode ser mesmo, mas é o que faz sentido para mim. Qual o sentido dessa evolução para você?

É isso e é só.

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autoconhecimento evoluçãopessoal filme interpretação

Article by Daniela Vitor

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Comments: 2 replies added

  1. Jaylei 04/01/2019 Responder

    Olá, Daniela. Bom ciclo novo para ti! Bem, quanto a respeitar o caminho do outro, ok, mas respeitar não é concordar porque o outro pode te maltratar, te oprimir, te calar e te matar. Sabe, existem os que convivem bem com uma sombra, a maldade. Sombras nem sempre são más, nos assombram, mas não tem o a mais da maldade, da frieza, da perda da humanidade. Assim foram os capitães do mato, os Sonderkommandos e tantos outros que sentiam-se bem por encontrarem nessa sombra um caminho. Gostei muito dessa fala do filme. "Para passar das corredeiras, alguém vai ter que olhar com clareza." Abs!

  2. Muchacho 07/02/2019 Responder

    Daniela, não assisti o filme, tenho pouco tempo disponível e 3 pessoas que sempre fazem boas recomendações não gostaram, mas fiquei curioso após ler seu post. Pelo que você descreve, o filme parece um mix entre Ensaio a Cegueira e a série Outlander (risos) ?!?1

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