Os pensamentos me assombram, as circunstâncias me apavoram. O ar me falta ao peito quando tento entender tudo e tanto. Coisas, pessoas, mundos e mundos…
Não falo apenas do que é passível de entendimento, mas, principalmente, do que é passível apenas de sentimento. As sensações são, para mim, mais certeiras do que aquilo que vejo. O que vejo nada mais é do que aquilo que minhas sensações transformam e voltam para mim como resposta de mim mesma. Faz algum sentido isso para você?
Veja, tenho que admitir que o que volta é transformado o tempo todo. Todo o tempo é de metamorfose do que sou, de como me vejo, de como sinto tudo. Isso pode me proporcionar um certo egoísmo, uma impaciência tardia e uma ansiedade que nem sei se realmente é, foi ou será. É um processo, não importa.
Perceba que isso também é o que a vida representa. O que, francamente, existe de certeza? A única certeza é que as certezas são totalmente transmutáveis. Isso me leva a crer que as mudanças, essas sim, são as únicas certezas que posso conceber de forma torta, infundada, mas totalmente coerente.
Coerência? O que de fato tem uma coerência absurdamente consistente para ser real? O que é real? Para quem?
Mais desse pensamento e chego lá atrás do meu próprio pensar, do meu próprio sentir e posso descobrir aquela que, para mim, é a verdade mais seca, crua e doce que me cabe a ser vivida aqui deste lado: eu sou sozinha em mim.
Já parou para pensar nisso?
Há uma beleza toda lúdica, concreta e de uma leveza sem precedentes quando sinto isso correr por toda minha alma. Corre como arrepio bom, um alarme de novidades em mim, corre como quem descobre novas raízes, novos ares. O vento descabela minhas respostas, a tempestade me beija a nuca e eu entendo, finalmente: Eu vim só e voltarei só. Isso é solitude ou a forma mais saudável, que acabo de descobrir, de amor próprio. É muito diferente de solidão, que é quando você não acolhe a solitude, se isola de você e põe tristeza carregada no semblante do peito.
Eu gosto de pensar que todas as descobertas que tenho são tão inéditas para mim, que merecem sempre uma comemoração de vitória, merecem sorrisos melados de brigadeiro de panela, ainda quente. Merecem todo meu amor por mim, da forma mais genuína e simples que posso oferecer.
Ser original assim dá trabalho. As pessoas educadas dizem que sou diferente. As pessoas mal resolvidas dizem que sou louca. Acho tanta graça nisso tudo, que sorrio apenas. A gente costuma achar muita graça naquilo que não tem importância. E opinião é uma coisa que só tem a importância que dou. Se eu não pedi, ela não existe. Daí sinto brilho vitorioso nos olhos e sorrio novamente, bem louca de êxtase de mim mesma.
Quando todo esse mecanismo tão grandioso e silencioso é acionado dentro de mim, sei que estou desperta. Arranco, a cada minuto, todo o véu de inverdades com que tentam me cobrir. Isso ficou tão automático como respirar. Agora eu sou o que eu realmente sou. É um pouco assustador, às vezes, mas somente quando me entrego ao que está por trás do pensamento, da forma mais intensa que habita em mim, é que me amo por essência do que sempre fui, sempre serei. Perceba que apesar de parecer um código a ser desvendado, e no fundo é, foi a forma mais honesta que consegui para expressar o caminho de mim mesma, minha insanidade e minha própria cura. Eu.
Não cabe a mim dizer de nada além do que acontece em mim. Se servir, ótimo. Se não fizer sentido, apenas esqueça.
Me amar está tão bom, que ficarei por aqui. Desejo a você boas novas de você mesmo, hoje e sempre. Se você quiser, claro.
Experimente-se!
Excelente crônica... Esses são os bastidores de nós mesmos... Parabéns Dani... Show! beijão!!! Marcio S. Eloy
Muito obrigada, Marcinho querido! Gostei do termo "bastidores de nós mesmos", arrasou!rs Grane abraço, meu amigo!
Parabéns Dani! É isso ai...O importante é sermos sinceros com nós mesmos e sermos felizes! Bjs bjs
Muito obrigada, Gabizinha!!! Isso aí, boa ser feliz! Grande beijo!